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Depois de fugir, presidente do Sri Lanka confirma que vai renunciar

Uma multidão invadiu o palácio presidencial para forçar Gotabaya Rajapaksa a se responsabilizar pelo colapso econômico do país

Internacional|Do R7

Gotabaya Rajapaksa, presidente do Sri Lanka, confirma que vai deixar o cargo
Gotabaya Rajapaksa, presidente do Sri Lanka, confirma que vai deixar o cargo

O presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, anunciou neste sábado (9) que vai renunciar ao cargo na próxima quarta-feira (13), depois que uma multidão enfurecida invadiu o palácio presidencial, obrigando-o a fugir da residência.

A crise, desencadeada pelo colapso econômico do país, chegou a seu ápice na manhã desse mesmo dia, quando centenas de milhares de pessoas se reuniram em Colombo, capital do Sri Lanka. A manifestação tinha como objetivo forçar o presidente a assumir a responsabilidade pelos desequilíbrios financeiros que arruinaram esse país insular do sul da Ásia.

Imagens divulgadas nas redes sociais mostram os invasores vagando pelos corredores do prédio, e alguns deles tomando banho na piscina do local. Rajapaksa teve de deixar o local às pressas. 

"O presidente foi escoltado para um lugar seguro", disse uma fonte militar à AFP. "Ele segue sendo o presidente e está sob a proteção de uma unidade militar", acrescentou.


Para garantir sua evacuação, os militares precisaram disparar vários tiros para o alto, mantendo a multidão afastada. Pouco tempo depois, os gabinetes da presidência, no distrito administrativo, também caíram nas mãos dos manifestantes.

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Além disso, a residência privada do primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe, também foi atacada e incendiada. À noite, o presidente do Parlamento anunciou na televisão que "para garantir uma transição pacífica, o presidente disse que apresentaria sua renúncia em 13 de julho".


Primeiro na linha de sucessão, Wickremesinghe convocou uma reunião de emergência com líderes de outros partidos, e afirmou que estava disposto a renunciar para permitir a formação de um governo de unidade nacional.

Manifestações em massa

Nas últimas semanas, as manifestações para exigir a renúncia do governo tiveram grande participação popular. O presidente é apontado como o principal responsável pela maior crise desde a independência do país, em 1948, que combina uma inflação galopante com uma grave escassez de combustível, eletricidade e alimentos.


A ONU (Organização das Nações Unidas) estima que cerca de 80% dos 22 milhões de cingaleses não conseguem fazer todas as refeições.

Segundo economistas, o colapso se deve à pandemia da Covid-19, que privou a ilha dos rendimentos provenientes do setor de turismo, e foi agravada por más decisões políticas.

Em abril, o Sri Lanka declarou a suspensão dos pagamentos de sua dívida pública, de US$ 51 bilhões, e iniciou negociações de resgate financeiro com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Analistas temem que o programa imponha aumentos de impostos e alimente ainda mais a ira popular.

Feridos

De acordo com informações de autoridades médicas, três pessoas foram feridas por arma de fogo quando as forças de segurança tentaram dispersar o protesto no setor administrativo de Colombo, e 36 receberam atendimento devido aos efeitos do gás lacrimogêneo.

Na sexta-feira (8), as mesmas forças haviam declarado toque de recolher, na tentativa de dissuadir os manifestantes de irem às ruas. A decisão foi tomada depois que partidos da oposição, ativistas de direitos humanos e a ordem dos advogados ameaçaram processar o chefe de polícia.

Segundo as autoridades, cerca de 20 mil soldados e policiais foram enviados a Colombo para proteger o presidente. O toque de recolher foi ignorado, e alguns manifestantes chegaram a obrigar os serviços ferroviários a levá-los de trem para a capital, para participarem da marcha. Em maio, nove pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas em protestos.

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