Drones de curto alcance foram a principal causa de mortes de civis na Ucrânia em janeiro, diz ONU
Relatório aponta que 27% das mortes e 30% dos ferimentos foram causados por esses dispositivos
Internacional|Do R7
Os drones aéreos de curto alcance foram a principal causa de mortes de civis na guerra da Ucrânia em janeiro de 2025, segundo um relatório da Missão de Monitoramento de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) divulgado nesta terça-feira (11).
De acordo com o documento, pelo menos 139 civis foram mortos e 738 ficaram feridos no período. Cerca de 27% dos óbitos (38 deles) e de 30% dos ferimentos (223 deles) foram causados por ataques com drones, que lançaram explosivos contra veículos pessoais, transportes públicos e alvos em áreas urbanas.
“Os drones de curto alcance agora representam uma das ameaças mais letais aos civis nas áreas da linha de frente. Em janeiro, eles causaram mais baixas civis do que qualquer outra arma”, disse Danielle Bell, chefe da missão de monitoramento da ONU, em um comunicado à imprensa.
O relatório indica que 95% das vítimas de ataques com esses drones estavam em territórios sob controle ucraniano, enquanto 5% estavam em áreas ocupadas pela Rússia.
As regiões mais afetadas foram Kherson e áreas vizinhas ao longo do Rio Dnipro, onde 70% de todas as vítimas civis do Oblast em janeiro foram resultado de ataques desse tipo.
Também houve aumento significativo de baixas em outras regiões da linha de frente, como Kharkiv, Sumy, Dnipropetrovsk, Mykolaiv, Donetsk e Zaporizhzhya.
Alvos civis e militares
A ONU reforça que os drones, que no início da guerra eram utilizados principalmente como ferramentas auxiliares, tornaram-se uma das armas mais determinantes do conflito. Apenas em 2024, Ucrânia e Rússia produziram mais de um milhão de unidades cada.
Bell destacou que os drones contam com câmeras a bordo, o que deveria permitir aos operadores distinguir entre alvos civis e militares com maior precisão, mas os ataques continuam resultando em altos números de mortes e ferimentos entre civis.
A maioria dos dispositivos utilizados nos ataques eram drones de visão em primeira pessoa (FPV), que permitem aos operadores direcioná-los com alta precisão.
A Rússia nega ataques deliberados contra civis, apesar de milhares de mortes terem sido registradas desde o início da invasão em grande escala da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Baixas norte-coreanas
O uso deliberado de drones também atinge as forças de Kim Jong-un, que têm lutado ao lado da Rússia na guerra contra a Ucrânia desde pelo menos novembro do ano passado.
De acordo com autoridades ucranianas e relatórios de inteligência ocidentais, a Coreia do Norte já enviou cerca de 11 mil soldados para auxiliar o exército russo na guerra.
Estima-se que 4.000 desses militares tenham sido mortos ou feridos em Kursk, região russa que faz fronteira com a Ucrânia e que tem sido palco de intensos combates nos últimos meses.
As pesadas baixas podem estar relacionadas à falta de experiência das tropas norte-coreanas em ataques de drones.
Historicamente, as forças especiais da Coreia do Norte treinam principalmente para missões de sniper, guerra urbana e infiltrações através das cadeias montanhosas que cercam o país.
“Os Storm Corps não treinaram o suficiente para drones e guerra de trincheiras travadas em terrenos como a linha de frente, quase aberta e plana”, disse Doo Jin-ho, analista sênior do KIDA (Instituto Coreano de Análises de Defesa), em entrevista ao jornal The New York Times.