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Em crise com UE, Trump mostra sintonia com premier italiano 

Indícios dessa amizade surgiram na última cúpula do G7 e ficaram mais claros nesta segunda-feira, no primeiro encontro entre ambos na Casa Branca

Internacional|Da Ansa

Conversa entre líderes foi a portas fechadas
Conversa entre líderes foi a portas fechadas

Em crise com a União Europeia, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, encontrou no novo governo nacionalista da Itália um amigo a quem recorrer dentro de um bloco cada vez mais hostil às suas políticas.

Indícios dessa amizade já haviam surgido na última cúpula do G7, no Canadá, em junho, e ficaram ainda mais claros nesta segunda-feira (30), na primeira reunião na Casa Branca entre Trump e o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, que há pouco mais de dois meses era desconhecido de quase todos os habitantes de seu país e hoje lidera a quarta economia da UE.

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"Acho que somos mais próximos do que qualquer um naquela sala", afirmou Trump, referindo-se à conturbada cúpula do G7, quando apenas Conte apoiou seus anseios de aceitar a Rússia novamente no grupo.

O premier chegou à Casa Branca pouco antes de 12h30 (13h30 em Brasília) e conversou com o republicano a portas fechadas, no Salão Oval, por cerca de 1h30. "Aplaudo o primeiro-ministro por sua liderança dura e espero que outros líderes sigam seu exemplo, incluindo alguns líderes europeus", alfinetou Trump, sem citar nomes.


O presidente, eleito com o discurso anti-imigração, ainda elogiou a nova política migratória da Itália, que fechou as portas para navios que resgatam pessoas no Mar Mediterrâneo e vem tentando forçar a abertura de campos de refugiados no norte da África, para fazer com que apenas indivíduos selecionados cheguem à UE.

"A Itália está cansada da imigração ilegal", sentenciou Trump, acrescentando que "nações fortes precisam de fronteiras fortes". O magnata ainda elogiou o papel da Itália na estabilização da Líbia, que se esfacelou após a derrubada de Muammar Kadafi, em 2011, com apoio dos EUA, e se tornou a principal porta de saída para migrantes forçados no Mediterrâneo.


O objetivo de Roma é promover uma conferência sobre a situação do país africano ainda neste ano, para garantir a realização de eleições democráticas e que cubram todo o território nacional, hoje dividido entre o Parlamento estabelecido em Trípoli e as forças militares do general Khalifa Haftar, baseado no leste.

"Meu governo e a gestão Trump são governos de mudança escolhidos pelos cidadãos para alterar o status quo", disse Conte, após o norte-americano ter chamado os dois de "outsiders". "Teremos um centro de coordenação permanente Itália-EUA no Mediterrâneo. É uma cooperação estratégica, dentro da qual a Itália se torna ponto de referência na Europa e interlocutora privilegiada dos Estados Unidos para todas as crises que dizem respeito à inteira área do Mediterrâneo", reforçou o premier italiano.


Polêmicas

Trump e Conte mostraram sintonia inclusive nos temas que mais afastam Washington e Bruxelas atualmente. Sobre a Rússia, o italiano disse que o diálogo entre a Casa Branca e o Kremlin é "fundamental" e pode ter efeitos "positivos" globais em "termos de segurança".

Na questão do comércio, na qual Trump reclama de um déficit comercial de US$ 31 bilhões em relação à Itália, o primeiro-ministro concordou que "é fundamental ter uma relação comercial mais equilibrada".

Por fim, ao abordar a polêmica sobre os gastos militares dos países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Conte declarou que "compartilha" da posição de Trump, de que as outras nações precisam expandir suas despesas com defesa.

"Como advogado, posso dizer que Trump é um ótimo negociador, um grandíssimo defensor dos interesses americanos", garantiu.

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