Entenda as chances de acordo nuclear entre EUA e Irã mesmo após ataques
Postura pró-negociação revela disputa por influência em Teerã e resposta a agravamento da crise econômica no país
Internacional|Do R7

Mesmo após os ataques coordenados por Israel e Estados Unidos em território iraniano no final de junho, autoridades e analistas apontam que há uma possibilidade de retomada das negociações nucleares entre Teerã e Washington. O governo iraniano, liderado pelo presidente Masoud Pezeshkian e pelo chanceler Abbas Araghchi, tem feito declarações públicas em defesa do diálogo com os EUA, apesar da desconfiança em relação a Israel.
Em entrevista ao apresentador conservador Tucker Carlson, o presidente iraniano afirmou que a narrativa de que o Irã busca armas nucleares foi promovida por Israel. Ele defendeu que as diferenças com os EUA podem ser resolvidas por meio de negociações. Em artigo no Financial Times, Araghchi disse que os dois países estavam próximos de um avanço antes da escalada militar.
A postura pró-negociação reflete, segundo analistas, uma disputa interna pelo poder em Teerã. O bloco mais pragmático, favorável ao diálogo, ganhou força após os ataques aéreos.
A recente ofensiva de Israel e EUA em território iraniano revelou sérias deficiências nos sistemas de defesa iranianos. A destruição de instalações e a morte de comandantes da Guarda Revolucionária do Irã alimentaram a percepção de vulnerabilidade. Para especialistas, essa realidade pode estar empurrando o Irã para uma abordagem mais pragmática.
Apesar da pressão interna e externa, o Irã mantém sua posição de que não busca uma arma nuclear, mas insiste no direito de produzir combustível atômico em seu território. Autoridades americanas também indicam que o governo iraniano ainda está disposto a negociar. Segundo o enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, uma nova rodada de conversas pode começar nos próximos dias.
Mas Teerã impõe condições. Fontes iranianas afirmam que o país exige garantias de que Israel não voltará a atacar durante o processo de negociação. Sem essas garantias, dizem, o diálogo será inviável.
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A situação da economia iraniana também pressiona por uma solução. Com inflação alta e desemprego crescente, o risco de novas sanções europeias torna a retomada de um acordo nuclear ainda mais urgente. O chanceler britânico, David Lammy, afirmou que sanções mais duras podem ser impostas caso o Irã não coopere.
Internamente, o presidente Pezeshkian tenta construir consenso para a diplomacia. Seu ex-assessor de campanha, Aliasghar Shafieian, afirma que o atual momento representa uma oportunidade de retomar o acordo com os EUA. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, ainda não se manifestou sobre o tema.
Após os bombardeios, o parlamento iraniano suspendeu a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica, mas manteve aberta a possibilidade de retomada caso a “soberania do país seja respeitada”. O Conselho de Segurança Nacional do Irã ainda deve avaliar em assembleia se essas condições estão sendo cumpridas na visão de Terrã.
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