França decide se concede a maioria absoluta legislativa a Macron
O resultado da eleição é essencial para o presidente francês conseguir aplicar seu programa reformista de cunho liberal
Internacional|AFP
Os franceses votam neste domingo (19) para decidir se facilitam o segundo mandato do presidente centrista Emmanuel Macron com uma nova maioria absoluta de deputados, ao final de vários meses de maratona eleitoral.
As assembleias de voto abriram às 8h locais e encerrarão às 18h, exceto nas grandes cidades onde a votação segue até às 20h e os resultados serão divulgados em seguida.
No total, 48,7 milhões de franceses estão habilitados a votar, mas é muito provável que a abstenção ultrapasse os 50%, como no primeiro turno.
Conforme as primeiras projeções divulgadas neste domingo, a aliança de centro do presidente Emmanuel Macron lidera as eleições legislativas na França, mas deve perder a maioria absoluta para a frente única de esquerda e para uma extrema direita em ascensão.
A coalizão Juntos!, de Macron, obteria entre 200 e 260 cadeiras, seguida da Nova União Popular, Ecológica e Social (Nupes, esquerda), com entre 150 e 200, e do Grupo Nacional (extrema direita), de 60 a 100, segundo projeções. A maioria absoluta é de 289 assentos.
O resultado do segundo turno das eleições legislativas é fundamental para que Macron, reeleito em 24 de abril por mais cinco anos, possa aplicar seu programa reformista de cunho liberal, como o aumento da idade de aposentadoria de 62 para 65 anos.
Seu principal adversário é a Nupes, a primeira frente de esquerda em 25 anos que reúne a esquerda radical, ambientalistas, comunistas e socialistas. Seu líder é o político veterano Jean-Luc Mélenchon.
A esquerda colocou as eleições como um "terceiro turno" da eleição presidencial, considerando que os franceses votaram no centrista para impedir que sua rival de extrema direita Marine Le Pen chegasse ao poder, e não por suas ideias.
Seu objetivo é tirar a maioria de Macron e forçá-lo a nomear Mélenchon como primeiro-ministro. A Nupes busca assim interromper o programa do presidente e aplicar o seu próprio, como o aumento do salário mínimo para 1.500 euros líquidos por mês.
Maioria sólida
A votação deste domingo encerra um ciclo eleitoral crucial para o rumo da França nos próximos cinco anos. A próxima eleição será para o Parlamento Europeu em 2024.
A chegada do centrista Macron em 2017 abalou o conselho político francês, que agora está dividido em três blocos principais — esquerda radical, centro e extrema-direita — deixando de lado os partidos tradicionais do governo.
Após o desastre na eleição presidencial, o Partido Socialista (PS) decidiu se juntar à frente liderada por Mélenchon, apesar do descontentamento de seus ex-líderes, e os republicanos, enfraquecidos, esperam ser a chave para formar maiorias com Macron no Parlamento.
O partido de extrema-direita de Le Pen já avançou em seu desejo de se opor firmemente ao presidente e, para isso, conseguiu formar sua própria bancada parlamentar pela primeira vez desde 1986, segundo as pesquisas.
Embora a negociação seja comum na maior parte das democracias na ausência de uma maioria estável no Parlamento, a adoção de leis se tornaria uma dor de cabeça para o partido no poder na França.
Na reta final da campanha, a aliança de Macron alertou para o caos que seria governar com maioria simples e, sobretudo, para o "perigo" da chegada da frente de esquerda ao poder.