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Houthis desafiam EUA e podem bloquear uma das rotas marítimas mais importantes do mundo

Nos últimos dias, rebeldes do Iêmen atacaram diversos navios mercantes no mar Vermelho, em demonstração de apoio aos terroristas do Hamas

Internacional|Do R7, com agências internacionais

Mais de uma dezena de armadores suspendeu as operações no mar Vermelho
Mais de uma dezena de armadores suspendeu as operações no mar Vermelho Mais de uma dezena de armadores suspendeu as operações no mar Vermelho

Uma situação paralela à guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas virou objeto de preocupação de líderes de diversos países nos últimos dias. Rebeldes do Houthi, facção apoiada pelo Irã que controla parte do Iêmen, intensificaram ataques a navios mercantes no mar Vermelho, forçando mais de uma dezena de empresas de transporte marítimo a suspender rotas naquela região.

Os Estados Unidos anunciaram na segunda-feira (18) uma coalizão de dez países para reforçar a segurança na área. Os houthis, porém, responderam nesta terça-feira (19) e garantiram que continuarão com as ações, que são uma demonstração de apoio ao Hamas.

"A coalizão formada pelos Estados Unidos visa proteger Israel e militarizar o mar sem qualquer justificativa e não impedirá o Iêmen de continuar as suas operações legítimas de apoio a Gaza”, disse o porta-voz houthi, Mohamed Abdulsalam, em sua conta no X (antigo Twitter).

O aumento das tensões no mar Vermelho esteve na pauta dos encontros do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, em viagem nesta segunda-feira (18) ao Oriente Médio.

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"O secretário Austin sublinhou que os ataques já tinham impacto na economia global e continuariam a ameaçar o transporte marítimo comercial se a comunidade internacional não se reunisse para resolver a questão coletivamente", disse nesta terça-feira (19) o porta-voz do Pentágono, major-general Pat Ryder.

Os seguintes armadores anunciaram nos últimos dias que suas embarcações não passarão mais pelo mar Vermelho até nova ordem: Maersk (Dinamarca), Hapag-Lloyd (Alemanha), CMA CGM (França), MSC (Itália-Suíça), a petroleira BP (Reino Unido), Evergreen Marine e Yang Ming Marine Transport (Taiwan), Cosco (China), OOCL (Hong Kong), Euronav (Bélgica), Frontline e Wallenius Wilhelmsen (Noruega) e HMM (Coreia do Sul).

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Juntas, as empresas que desviaram as embarcações "controlam cerca de metade do mercado global de transporte de contêineres", disse à Reuters Albert Jan Swart, analista do banco ABN AMRO. "Evitar o mar Vermelho levará a um custo mais alto devido ao maior tempo de viagem", afirmou Swart.

Embora os houthis digam ter como alvo embarcações relacionadas a Israel, as ações que organizaram recentemente afetaram navios de vários países. Em 19 de novembro, eles sequestraram um navio de propriedade parcial de um empresário israelense, o Galaxy Leader.

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O governo americano classificou o caso de "pirataria" e disse que considera redesignar o Houthi como organização terrorista — apenas Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Iêmen adotam essa classificação para o grupo atualmente.

Os ataques de artilharia a navios mercantes que passavam pelo estreito de Bab el-Mandeb se intensificaram recentemente, alvejando pelo menos 20 embarcações.

Na segunda-feira, o navio-tanque M/V Swan Atlantic, de bandeira norueguesa, sofreu "danos limitados" após ter sido atingido por múltiplos mísseis lançados pelos houthis.

Um navio do armador alemão Hapag-Lloyd foi outro alvo, na semana passada, fazendo com que as operações no mar Vermelho fossem suspensas pela companhia.

"Em 15 de dezembro, o MSC Palatium III foi atacado enquanto atravessava o mar Vermelho. Felizmente, todos os membros da tripulação estão seguros, sem relato de ferimentos. A embarcação sofreu danos leves pelo fogo e foi retirada de serviço", informou a companhia em nota.

Canal de Suez

As ações dos houthis se concentram no estreito de Bab el-Mandeb, uma porta de entrada para o mar Vermelho e o único acesso ao canal de Suez, no Egito. 

"O estreito, um 'ponto de estrangulamento' vital para o fluxo de petróleo e comércio internacional, e a rota comercial mais curta entre a região do Mediterrâneo, o oceano Índico e o leste asiático, canalizando bilhões de dólares no comércio marítimo", descreve a organização Gulf International Forum, sediada nos EUA.

Cerca de 15% do tráfego marítimo mundial passa pelo canal de Suez, o segundo mais movimentado, atrás apenas do canal do Panamá.

Estreito de Bab el-Mandeb; à direita, a costa do Iêmen
Estreito de Bab el-Mandeb; à direita, a costa do Iêmen Estreito de Bab el-Mandeb; à direita, a costa do Iêmen

De acordo com a Administração de Informação de Energia dos EUA, 9,2 milhões de barris de petróleo por dia passaram pelo canal na primeira metade de 2023, representando aproximadamente 9% da demanda global.

A impossibilidade de usar o canal de Suez cria um enorme problema para os armadores, uma vez que a rota secundária acrescenta semanas ao tempo de viagem.

O mercado de petróleo e gás, especificamente, é um dos que mais se beneficiam do canal, uma vez que os navios que saem do golfo Pérsico em direção à Europa podem fazer o percurso de 12 mil quilômetros em cerca de 14 dias (até o Reino Unido).

Se essa rota precisar ser feita pelo cabo da Boa Esperança, contornando o continente africano, ela se torna um caminho de 21 mil quilômetros, que leva em torno de 24 dias para ser completado.

Dependendo do destino da embarcação e das condições do mar, o tempo adicional de viagem pode superar facilmente duas semanas, o que causa atrasos, aumento de custos e problemas nas cadeias de suprimento.

Em 17 de dezembro, a Autoridade do Canal de Suez informou que, desde 19 de novembro, 55 navios optaram por rotas via cabo da Boa Esperança, enquanto 2.128 passaram pelo canal no mesmo período.

Coalizão

Contratorpedeiro americano USS Carney patrulha águas no estreito de Bab el-Mandeb
Contratorpedeiro americano USS Carney patrulha águas no estreito de Bab el-Mandeb Contratorpedeiro americano USS Carney patrulha águas no estreito de Bab el-Mandeb

Na segunda-feira, o Pentágono anunciou a formação de uma coalizão militar composta de dez países, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, França, Espanha, Itália, Holanda, Canadá, Noruega, Bahrein e Seychelles.

A iniciativa, chamada Operação Guardião da Prosperidade, visa assegurar a segurança e a liberdade de navegação no mar Vermelho. A coalizão atuará sob a égide da Força Naval Internacional Forças Marítimas Combinadas, um grupo de 39 países dedicado a proteger o fluxo de comércio e melhorar a segurança marítima em diversas regiões.

O Pentágono destacou que a escalada dos ataques dos houthis ameaça o livre comércio, coloca em risco marinheiros e viola o direito internacional.

O secretário de Defesa dos EUA enfatizou a importância de enfrentar o desafio representado pelos houthis, um ator não estatal que lançou mísseis balísticos e drones contra navios mercantes de diversas nações que transitam legalmente em águas internacionais.

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