A manifestação pacífica continuará até o domingo (20)
Diego Azubel /EFE/PA - 19.09.2020Milhares de estudantes e opositores ao governo da Tailândia se reuniram neste sábado (19) em frente ao Grande Palácio de Bangcoc, para pedir uma reforma da Constituição - concentrada sobre os poderes do rei -, a dissolução do atual Parlamento e a realização de eleições democráticas.
De acordo com a polícia, cerca de 20 mil pessoas integraram o protesto até o final da tarde, já os organizadores afirmam que o ato contou com mais 100 mil presentes, o que representa a maior manifestação na Tailândia desde o golpe de Estado de 2014.
A manifestação pacífica continuará até o domingo (20), e os discursos com cobranças ao governo e à monarquia serão feitos à noite.
"Estamos muito felizes com a participação. Isto significa que nossas demandas coincidem com o que a gente quer", declarou à Agência Efe o líder estudantil Panupong "Mike" Jadnok, um dos organizadores do ato.
As autoridades mobilizaram um amplo esquema de segurança para tentar controlar a multidão. Com os braços para o alto e mostrando três dedos - anelar, médio e indicador -, gesto popularizado pelos filmes da saga "Jogos Vorazes", os manifestantes desafiaram o governo e a proibição das autoridades.
Diversos manifestantes usam camisas com piadas sobre o primeiro-ministro, o general que se tornou político, Prayut Chan-ocha, além de cartazes a favor da democracia e bandeiras de orgulho LGBT para exigir mais direitos.
"O movimento político já existia no Twitter, mas não era suficiente, tínhamos que sair às ruas para protestar. Não esperamos uma mudança imediata, mas queremos dizer que não estamos satisfeitos com o governo", explicoo Sairoung, jovem de 23 anos que já participou de três manifestações nesta onda de protestos que começou em julho.
Também marcaram presença na manifestação vários grupos dos chamados "camisas vermelhas", seguidores do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, que foi derrubado com um golpe de Estado que completa 14 anos neste sábado.
Este movimento, organizado principalmente por grupos estudantis, exige, entre outras demandas, uma reforma da Constituição e a dissolução do Parlamento, que consideram herdeiro da antiga junta militar (2014-2019), além da redução do poder e da influência do Exército na política.
A reivindicação mais espinhosa é a de limitar o poder da monarquia, de modo que seja submetida a mais controles constitucionais, e acabar com a lei contra a majestade, que pune com até 15 anos de prisão quem criticar a família real.
Alguns cartazes levados à manifestação também fazem críticas veladas ao atual rei da Tailândia, Maha Vajiralongkorn. O monarca não herdou o carisma do pai, o falecido Bhumibol Adulyadej, e passa grande parte do ano na Alemanha, onde vive com a esposa.