Nascimento real consolida renovação da monarquia britânica
Processo de modernização da realeza teve início com a Lady Di
Internacional|Fábio Cervone, colunista do R7

A famosa Lady Di revolucionou a corte inglesa ao se casar com o Príncipe Charles e progressivamente manifestar uma conduta independente e moderna. A mãe dos herdeiros reais William e Harry rompeu com várias tradições e mesmo divorciada se manteve como elo entre o povo e os palácios britânicos. Mas Diana apenas deu o pontapé inicial para um ciclo de renovação da realeza que chega ao seu ápice com o nascimento do novo membro da família, nesta segunda-feira (22).
Qualquer nação que conviva com uma monarquia nos dias atuais exige de seus nobres uma disposição para dialogar com a realidade popular. Lady Di entendeu isso e propositalmente se aproximou dos súditos. Além disso, seu drama matrimonial expôs ao público que a realeza também possui fragilidades humanas. Este comportamento sociável e permeável foi tão bem aceito que com o tempo foi assimilado pelos demais membros da família.
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William e Harry já são produtos deste ambiente menos formal e restrito. O herdeiro mais velho casou-se com uma plebéia e sempre apresentou uma conduta respeitosa, humilde e cooperativa nas tarefas institucionais. Seu irmão mais novo por sua vez se destacou pela irreverência e pelo espirito aventureiro. O jovem combateu no Afeganistão, foi flagrado nu com uma garota numa festa, frequenta anonimamente festivais e eventos populares e ainda assim, não fugiu dos compromissos de Estado.
O reconhecimento popular em relação à nova imagem da família real britânica se reflete no retorno dos assuntos palacianos aos noticiários locais e internacionais. O casamento da Kate Middleton com o príncipe William foi muito bem recebido pela opinião pública. E mesmo os escândalos marotos de Harry não afetaram negativamente a popularidade da monarquia. A soma das intervenções da realeza nos últimos tempos, tanto nos eventos oficiais, quanto nas revelações intímas, contribuiu para a construção de uma identidade humana, mais comum e próxima do povo.
Por isso, o nascimento do novo herdeiro consolida os avanços recentes e garante a continuidade deste processo modernizannte da realeza. Esta criança já desfruta de leis que não privilegiam gêneros ou laços sanguíneos; de uma realidade socialmente e ambientalmente mais consciente; e de uma conduta menos extravagante e elitista. A festa pelo novo membro da realeza celebra sua saúde e o fruto dos novos tempos.
Para evitar o desgaste de sua legitimidade nacional e abrir caminhos futuros a corte tenta ocupar novas funções públicas. Nesta nova etapa ninguém é divino ou puramente ornamental. A monarquia tenta se alinhar ao povo como extensão de sua identidade, simultaneamente exerce o papel de promotor de causas e campanhas de interesse coletivo.
Esta não se trata de uma tendência inédita, já que a própria rainha mãe foi estrela de propagandas britânicas durante a segunda guerra mundial convocando a população a colaborar com o Estado. Mas as características da sociedade contemporânea despiram de qualquer privacidade as figuras públicas. Ao mesmo tempo, as fronteiras culturais e geográficas foram reduzidas pelos avanços tecnológicos e educacionais. A realeza se perder este trem poderá ser condenada a falta de legitimidade. Ou seja, correrá o risco de ver seu trono e todo o poder roubados.
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