Nicarágua deporta 222 'presos políticos' para os Estados Unidos por 'traição à pátria'
A identidade dos expatriados não foi revelada pelo governo de Manágua; o avião deve chegar a Washington ainda nesta quinta (9)
Internacional|Do R7
As autoridades da Nicarágua ordenaram nesta quinta-feira (9) a deportação para os Estados Unidos de 222 opositores que estavam presos como "traidores da pátria", segundo uma decisão do Tribunal de Apelações de Manágua.
Uma resolução lida pelo presidente da Sala Um do Tribunal de Apelações de Manágua, o magistrado Octavio Rothschuh Andino, também ordenou para eles a inabilitação perpétua para o exercício de cargos públicos e cargos de eleição popular e suspendeu seus direitos de cidadania por toda a vida.
"Foi ordenada a deportação imediata de 222 pessoas condenadas pela prática de atos atentatórios à independência, soberania e autodeterminação do povo, por incitação à violência, terrorismo e desestabilização econômica", disse o magistrado, ao ler a sentença no Complexo Judicial de Manágua.
Os 222 opositores do governo chefiado por Daniel Ortega, considerados presos políticos por organizações humanitárias, também foram deportados "por atentarem contra os interesses supremos da nação estabelecidos no ordenamento jurídico, convenções e tratados internacionais de direitos humanos, alterando a paz, a segurança e ordem constitucional", acrescentou o tribunal.
Inabilitados para exercer cargos de eleição popular
“Os deportados foram declarados traidores da pátria e sancionados por diferentes delitos graves e inabilitados de forma perpétua para o exercício de cargos públicos a serviço do Estado da Nicarágua, bem como para o exercício de cargos de eleição popular, ficando seus direitos de cidadão suspensos perpetuamente”, especificou a sentença.
Segundo o magistrado, “neste momento os deportados já se encontram nos Estados Unidos da América”, sendo que a Sala Um do Tribunal de Recurso considera “cumprida a sentença de deportação”.
A lista dos 222 deportados ainda não foi divulgada oficialmente.
Berta Valle, esposa do opositor preso Félix Maradiaga, disse a jornalistas que o Departamento de Estado dos EUA confirmou a ela que as autoridades nicaraguenses libertaram 222 "presos políticos" e os transferiram para o aeroporto internacional de Manágua, onde embarcaram em um avião particular, e que hoje eles chegariam a Washington.
A AUN (Aliança Universitária Nicaraguense) confirmou que entre os libertados e "exilados" em Washington estão os líderes estudantis Lesther Alemán e Máx Jérez.
Alemán, de 24 anos, é a mesma pessoa que repreendeu o presidente Ortega em uma transmissão ao vivo pela televisão durante o início de um fracassado diálogo nacional, em maio de 2018, e pediu a ele que renunciasse para resolver a crise sociopolítica que vive a Nicarágua.