‘Pior diarreia da vida’: mortes causadas por bactéria acendem alerta no Reino Unido
Especialistas pedem mais vigilância, testagem em casos suspeitos e prescrição mais criteriosa de antibióticos
Internacional|Do R7

Casos e mortes provocados pela bactéria Clostridioides difficile voltaram a crescer no Reino Unido e acenderam o alerta de médicos e autoridades de saúde. Altamente contagiosa, a bactéria matou mais de 2 mil pessoas entre fevereiro de 2024 e janeiro de 2025, segundo dados da Agência de Segurança Sanitária do Reino Unido (UKHSA). A taxa de mortalidade chegou a 12,9% no período, a maior desde 2011.
Conhecida por provocar diarreia intensa, febre e dores abdominais, a “C. diff” vive naturalmente no intestino humano, mas pode causar infecções graves quando há desequilíbrio da flora intestinal. Os principais fatores de risco envolvem uso recente de antibióticos, internações hospitalares e idade avançada. O número de infecções chegou a 19.239 no último período de análise, patamar que não era registrado desde 2012.
Especialistas alertam que o problema tem sido subestimado após a pandemia de Covid-19. Segundo a microbiologista Kerrie Davies, pesquisadora da bactéria há duas décadas, a falta de foco em políticas de prevenção tem favorecido a alta nas ocorrências. Ela afirma que pacientes relatam medo constante e impacto prolongado na rotina, mesmo após a recuperação dos sintomas.
Os dados indicam que, além da gravidade da infecção, o risco de reincidência é alto. Há 25% de chance de o paciente ser infectado novamente após o primeiro episódio. O índice sobe para 40% em uma terceira infecção e chega a 60% em um quarto caso. O risco de morte também aumenta a cada recorrência.
Leia mais:
Além do impacto na saúde pública, os custos com tratamento e contenção da doença pesam no orçamento do sistema britânico de saúde. Estudos mostram que cada infecção primária custa mais de 11 mil libras ao NHS. Em casos recorrentes, os gastos sobem para até 31 mil libras por paciente, devido a medidas como isolamento e uso de medicamentos específicos.
Diante da situação, especialistas pedem mais vigilância, testagem em casos suspeitos, medidas rigorosas de higiene hospitalar e prescrição mais criteriosa de antibióticos. A presidente da recém-criada C Diff Trust, Kerrie Davies, destaca que a doença exige resposta coordenada e atenção constante. Ela afirma que mesmo pacientes assintomáticos podem transmitir a bactéria por meio de esporos liberados nas fezes.
A UKHSA confirmou que investiga o aumento dos casos e atribui parte do avanço à combinação entre o envelhecimento da população e a presença de comorbidades. A agência afirma que medidas de saúde pública estão sendo elaboradas com apoio de instituições como o NHS England.
A C. difficile é considerada uma das principais causas de infecções associadas à assistência à saúde no Reino Unido. Profissionais defendem que o país, que já foi referência na redução dos casos entre 2007 e 2012, precisa retomar o foco para evitar novos surtos de grande escala.
Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp
