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Por que o metrô de Moscou ganhou uma nova estátua de Stalin cercado por soviéticos?

Escultura integra um movimento mais amplo de reabilitação simbólica do ditador soviético na Rússia sob o governo de Vladimir Putin

Internacional|Do R7

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Escultura intitulada "Gratidão do Povo ao Líder e Comandante" retrata Stalin cercado por cidadãos soviéticos
Escultura intitulada "Gratidão do Povo ao Líder e Comandante" retrata Stalin cercado por cidadãos soviéticos Reprodução/Telegram - @monumentalno

O metrô de Moscou reinstalou uma estátua de Josef Stalin na estação Taganskaya, quase seis décadas após a remoção do monumento original durante a campanha de desestalinização da União Soviética. A nova escultura, apresentada ao público em 15 de maio, tem provocado polêmica e reações divergentes entre historiadores, partidos políticos e a população russa.

A peça é uma réplica do relevo inaugurado em 1950 na mesma estação. Removido em 1966, durante reformas na estrutura do metrô, o monumento original teria sido destruído para ampliar os túneis da estação.


De acordo com o Metrô de Moscou, a versão atual foi reconstruída com base em fotografias e documentos de arquivo como parte das comemorações pelos 90 anos do sistema metroviário da capital.

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A escultura, intitulada “Gratidão do Povo ao Líder e Comandante”, retrata Stalin cercado por cidadãos soviéticos na Praça Vermelha. A homenagem é dedicada ao papel do ditador na vitória da União Soviética na Segunda Guerra Mundial sobre as potências do Eixo.


Motivação ideológica

Embora o metrô classifique a obra como uma restauração histórica, especialistas apontam motivação política na instalação. Para o historiador e pesquisador de arquitetura soviética Alexander Zinoviyev, a peça atual omite elementos importantes do original, como o painel de cerâmica e os detalhes ornamentais.

“No fim das contas, trata-se mais de um gesto ideológico do que de uma tentativa autêntica de reconstrução histórica”, afirmou ao jornal Moscow Times.


Zinoviyev também comparou o atual contexto político russo ao período stalinista. “Vivemos o mesmo autoisolamento, a mesma ideologia conservadora e a ênfase em confiar no líder e não criticar o poder. Essa estética está em sintonia com o nosso tempo”, disse o arquiteto.

Apoio e rejeição

A reinstalação do monumento provocou reações opostas. Parte da população defendeu a homenagem como um reconhecimento ao papel de Stalin na história do país. “Ele fez muito pelo nosso país. Acho bom que o monumento tenha voltado”, disse Kirill Frolov, morador de Moscou.


Outros rejeitaram a decisão. A seção de Moscou do partido liberal Yabloko divulgou um protesto formal contra o que classificou como a “devolução de um monumento a um tirano e ditador”, exigindo que o metrô homenageie as vítimas das repressões stalinistas. “O retorno de símbolos do stalinismo a Moscou é um ato de zombaria contra a história e contra os descendentes dos reprimidos”, afirmou a legenda em nota.

Duas placas contendo citações críticas a Stalin atribuídas ao presidente Vladimir Putin e ao ex-presidente Dmitry Medvedev chegaram a ser deixadas junto à escultura, mas foram rapidamente removidas por autoridades.

A nova estátua integra um movimento mais amplo de reabilitação simbólica de Stalin na Rússia sob o governo de Vladimir Putin. Levantamentos de veículos independentes do país apontam que 105 dos 120 monumentos dedicados ao ex-líder soviético foram erguidos nos últimos 25 anos, período em que Putin já demonstrava protagonismo na política russa.

Na semana passada, Putin afirmou que considera rebatizar a cidade de Volgogrado para Stalingrado, nome usado temporariamente durante feriados e datas comemorativas ligadas à Segunda Guerra Mundial. A proposta é defendida há anos pelo Partido Comunista russo.

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