Presidente sírio se diz disposto a falar com a oposição
Internacional|Do R7
O presidente sírio Bashar al-Assad se declarou disposto a negociar co a oposição não-armada, mas excluiu deixar o poder, em entrevista ao jornal Sunday Times deste domingo.
"Nós estamos prontos a negociar com todo o mundo e com os militantes que depuserem as armas", garantiu Bashar al-Assad na entrevista concedida na semana passada em sua residência em Damasco.
"Nós podemos começar um diálogo com a oposição, mas não vamos dialogar com os terroristas", enfatizou.
No final de fevereiro, em uma visita a Moscou, seu ministro das Relações Exteriores, Walid al-Mouallem, afirmou pela primeira vez que o diálogo com os rebeldes armados poderia acabar com o conflito que já matou, segundo a ONU, mais de 70.000 pessoas em dois anos.
Mas os rebeldes rejeitaram qualquer negociação antes da demissão do chefe de Estado.
Uma possibilidade que o presidente sírio mais uma vez negou veementemente.
"Nenhum patriota pode pensar em viver em desonra em seu país. Eu sou como todos os patriotas sírios", afirmou.
Deixar o poder não resolverá a crise, acrescentou.
"Se este argumento fosse correto, minha partida colocaria fim aos confrontos. Isso é obviamente absurdo, como testemunha os recentes acontecimentos na Líbia, no Iêmen e no Egito", esclareceu.
Ele também acusou o governo britânico de querer armar os "terroristas" da Síria, como se refere aos rebeldes.
"Como podemos esperar que a violência se reduza quando querem enviar equipamentos militares ao terroristas, sem tentar facilitar o diálogo entre os sírios", questionou o presidente.
"Para ser franco, a Grã-Bretanha teve um papel claramente não construtivo em vários assuntos. E isto durante décadas, durante séculos, dirijam alguns. Eu falo da percepção que temos em nossa região", assinalou.
"O problema com este governo é que sua retórica vaga e imatura não faz senão enfatizar esta tradição de hegemonia agressiva", acrescentou.
O governo do primeiro-ministro britânico David Cameron se declarou a favor de aumentar a ajuda aos rebeldes sírios e de uma suspensão do embargo da União Europeia sobre as armas.
Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia decidiram em meados de fevereiro prolongar o regime de sanções contra a Síria e autorizar um apoio maior à oposição, mas sem se pronunciar sobre a suspensão do embargo sobre as armas.
Na entrevista ao Sunday Times, Bashar Al Assad afirma ainda que Londres não tem direito de desempenhar um papel construtivo na crise síria.
"Não esperamos que um piromaníaco seja bombeiro", ironizou.
Na véspera, a ONU se declarou disposta a facilitar um diálogo entre o governo e a oposição da Síria, de acordo com um comunicado conjunto do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e o mediador internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi, emitida depois de uma reunião na Suíça.
"As Nações Unidas acolherão calorosamente e estão dispostas a facilitar um diálogo entre uma delegação sólida e representativa da oposição e uma delegação que conte com plenos poderes do governo sírio, diálogo que poderá ser realizado segundo uma agenda estabelecida", indicaram os dois funcionários.
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