Primeiro-ministro da Sérvia renuncia após intensos protestos anticorrupção
Saída de Milos Vuceciv foi anunciada nesta terça-feira (28) em meio a onda de manifestações contra o governo sérvio
Internacional|Do R7

O primeiro-ministro da Sérvia, Milos Vucevic, renunciou ao cargo nesta terça-feira (28), em meio a uma onda de protestos nacionais desencadeados pelo colapso de uma cobertura de concreto em uma estação ferroviária em Novi Sad, que deixou 15 mortos em novembro do ano passado
A tragédia expôs denúncias de corrupção e negligência do governo, agravando tensões políticas e sociais no país. O prefeito de Novi Sad, Milan Djuric, também renunciou nesta terça-feira.
A saída de Vucevic foi anunciada após semanas de manifestações lideradas por estudantes, professores e trabalhadores que bloquearam ruas e cruzamentos importantes, incluindo o mais movimentado de Belgrado, a capital do país.
Durante os protestos, uma estudante foi hospitalizada após ser atacada, o que intensificou os pedidos por responsabilização e mudanças no governo.
“Decidi renunciar para não aumentar ainda mais as tensões na sociedade. Este é um gesto de responsabilidade”, disse Vucevic durante a coletiva de anúncio da renúncia. Ele ainda pediu que os manifestantes retornem ao diálogo.
A crise política aumentou a pressão sobre o presidente Aleksandar Vucic, acusado pela oposição e por grupos de direitos humanos de sufocar liberdades democráticas, tolerar corrupção e concentrar poder em seu partido, o Progressista Sérvio (SNS).
Embora Vucevic tenha ocupado o cargo de primeiro-ministro por menos de um ano, analistas apontam que a verdadeira autoridade política está com Vucic.
Onda de protestos
Os protestos começaram em Novi Sad, mas rapidamente se espalharam por todo o país, culminando em uma greve geral e grandes manifestações em Belgrado.
Além das mortes na tragédia, críticos culpam a corrupção endêmica e falhas na supervisão de projetos de infraestrutura pelo desabamento. Ministros do Transporte e Comércio já haviam renunciado anteriormente devido ao incidente.
Entre as demandas da oposição, está a formação de um governo interino para garantir eleições livres e justas. Apesar disso, uma mudança de poder parece improvável no curto prazo, já que o SNS domina os cenários político e midiático do país.
A situação na Sérvia também chama atenção internacional devido aos laços históricos do país com a Rússia e o Ocidente, além de sua candidatura à União Europeia.
Vucic, que prometeu uma reforma governamental abrangente, deve discursar ainda nesta terça-feira, enquanto o parlamento tem até 30 dias para decidir entre nomear um novo primeiro-ministro ou convocar eleições antecipadas.
A crise representa um dos maiores desafios ao governo sérvio em anos, refletindo um descontentamento crescente com a corrupção e a governança autocrática no país.