Rússia promete enviar armamento a grupo mercenário que ameaçou abandonar guerra na Ucrânia
Líder do exército paramilitar Wagner ameaçou deixar a região de Bakhmut por falta de munição
Internacional|Do R7
O fundador do grupo paramilitar russo Wagner afirmou neste domingo (7) que recebeu a "promessa" do Exército de que receberá mais munições e armamentos para prosseguir com os combates na cidade ucraniana de Bakhmut, depois de ter ameaçado retirar seus homens da localidade.
Na sexta-feira (5), em um vídeo com declarações fortes, Yevgueni Prigozhin expressou toda sua irritação com os comandantes do Exército russo e afirmou que suas forças deixariam Bakhmut, no leste da Ucrânia, cenário da batalha mais longa e violenta da guerra, caso não recebesse mais apoio.
Ele também acusou o comando do Exército de responsabilidade por "dezenas de milhares" de russos mortos e feridos na Ucrânia, no momento em que Kiev prepara uma ampla contraofensiva com a ajuda das armas entregues pelas potências ocidentais.
"Prometeram entregar todas as munições e armas de que precisamos para prosseguir com as operações", afirmou o líder do grupo Wagner em uma mensagem de áudio divulgada por sua assessoria de comunicação.
"Eles juraram que tudo que for necessário será fornecido aos nossos flancos, ao redor de Bakhmut, para que o inimigo não rompa nossas linhas. E disseram que podemos atuar como considerarmos necessário em Artiomovsk", acrescentou, ao utilizar o nome soviético para a cidade ucraniana.
O líder paramilitar aumentou a pressão no sábado, quando pediu permissão ao Ministério russo da Defesa para ceder as posições do grupo Wagner em Bakhmut às tropas do dirigente checheno Ramzan Kadirov.
Prigozhin acusa há vários meses o Estado-Maior russo de não fornecer munições suficientes a seus combatentes, o que impede uma vitória dos paramilitares em Bakhmut, algo que, segundo ele, ofuscaria o Exército oficial.
Analistas ocidentais, no entanto, já haviam destacado que as reclamações poderiam ser uma estratégia de Prigozhin para não ter que assumir a responsabilidade de um eventual fracasso ante a anunciada contraofensiva ucraniana.
A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Ganna Maliar, afirmou no sábado (6) que os russos continuam "concentrando seus principais esforços no setor de Bakhmut" e buscavam "recursos" para fortalecer suas capacidades.
A batalha nesta cidade de valor estratégico limitado começou em agosto do ano passado, mas ganhou peso simbólico com a duração e a intensidade dos combates por seu controle.
As tropas do grupo Wagner executaram vários ataques contra a cidade, reduzida a ruínas e controlada em mais 90% pelas forças russas, de acordo com Moscou.
ONDA DE ATAQUES NA RÚSSIA
Diante do temor de uma contraofensiva ucraniana, as autoridades de ocupação russas anunciaram na sexta-feira evacuações parciais em 18 localidades da região ucraniana de Zaporizhzhia (sul), em particular na cidade de Energodar, onde moram vários funcionários da maior central nuclear da Europa.
"A situação geral na área próxima à central nuclear de Zaporizhzhia está ficando cada vez mais imprevisível e potencialmente perigosa", alertou no sábado Rafael Grossi, diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), uma agência da ONU.
A Rússia também foi abalada nos últimos dias por uma série de ataques atribuídos por Moscou a Kiev, mas o governo ucraniano nega qualquer vínculo com as ações.
A situação provoca o temor de incidentes durante as celebrações militares russas de 9 de maio, Dia da Vitória contra a Alemanha nazista em 1945.
Na quarta-feira (3), Moscou denunciou um ataque com drones contra um edifício do complexo do Kremlin, ação que apresentou como uma tentativa frustrada de matar o presidente Vladimir Putin.
No sábado, o escritor nacionalista russo Zakhar Prilepin, grande apoiador da ofensiva russa na Ucrânia, ficou ferido em uma explosão em seu veículo na região de Nizhni Nóvgorod. O ataque matou o motorista do autor.
Depois de uma cirurgia, o escritor está em condição "estável", informou o governo regional.
A Rússia também anunciou que evitou um ataque com drones contra Sebastopol, o porto utilizado pela frota russa no mar Negro, na península da Crimeia anexada por Moscou em 2014.
Os serviços de segurança russos também afirmaram que impediram uma "sabotagem terrorista" com drones, atribuído por Moscou a Kiev, contra uma base aérea na região de Ivanovo, ao nordeste de Moscou.