Saiba quem era o líder do Estado Islâmico morto pelos EUA
Amir Mohamed Said Abd al-Rahman al-Mawla comandava o grupo extremista havia 2 anos e era conhecido como um homem "brutal"
Internacional|Do R7
Chamado de "o professor" e "o destruidor", o líder do grupo Estado Islâmico (EI) cuja morte foi anunciada nesta quinta-feira (3) pelos Estados Unidos era relativamente desconhecido e comandou o campo estratégico e atividades da organização durante dois anos.
Amir Mohamed Said Abd al-Rahman al-Mawla, um jihadista com muitos codinomes, que se fazia chamar de "o emir" Abu Ibrahim al-Hashimi al-Qurashi, morreu durante uma operação das forças especiais dos Estados Unidos na madrugada desta quinta-feira (3), na Síria, anunciou o presidente dos EUA, Joe Biden.
Antes da ascensão ao comando do grupo, depois que os EUA eliminaram o antecessor, Abu Bakr al-Baghdadi, no fim de 2019, o homem de etnia turcomena e nascido no Iraque, provavelmente em 1976, havia organizado o massacre da minoria yazidi.
Segundo o centro de reflexão Projeto contra Extremismo (CEP, na sigla em inglês), o ex-oficial do Exército iraquiano, graduado na Universidade de Ciências Islâmicas de Mossul, se incorporou à Al-Qaeda após a invasão americana do Iraque e a captura de Saddam Hussein, em 2003.
Foi preso em 2004 na penitenciária americana de Bucca, considerada a fonte de propagação do jihadismo no Levante — região que abrange Síria e Iraque —, onde conheceu Baghdadi.
Libertado por razões desconhecidas, permaneceu ao lado de Baghdadi, que, em 2010, tomou o controle do braço iraquiano da Al-Qaeda, antes de criar o grupo Estado Islâmico no Iraque e na Síria.
Segundo o CEP, "Mawla ascendeu rapidamente ao alto escalão da insurgência" e adquiriu uma reputação de homem brutal, em particular pela eliminação dos oponentes do emir dentro do próprio grupo.
"Além de suas responsabilidades no terrorismo de massas, 'Abu Omar o turcomeno' desempenha um papel importante na campanha jihadista para liquidar a minoria yazidi mediante massacres, expulsão e escravização sexual", assinala Jean-Pierre Filiu, professor da escola Sciences-Po de Paris e especialista em jihadismo.
Mawla, que, ao contrário dos líderes anteriores do EI, não era de origem árabe, tentou dar nova vida a um grupo enfraquecido se comparado ao da "era de ouro", durante o regime do "califado" que durou de 2014 a 2019 nas regiões que controlava nos territórios da Síria e do Iraque.
Sob sua direção, trabalhou pelo retorno à "primeira linha" da filial do EI no Afeganistão (EI-Khorasan), antes da chegada dos talibãs ao poder, explica Damien Ferré, diretor da Jihad Analytics, uma consultoria especializada na jihad global.
Desde então, o EI-Khorasan se tornou a principal ameaça para o regime dos talibãs do Afeganistão, atacando inclusive o aeroporto de Cabul durante a retirada americana em agosto de 2021.
Diversos pesquisadores também apontam para as atividades do EI na região do lago Chade, na África Ocidental, especialmente com a integração dos efetivos da seita Boko Haram, e na África Central.
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"Em nível operacional, durante o seu mandato, o EI se recuperou em 2020, antes de reduzir a qualidade e a quantidade de seus ataques no último ano", acrescentou. Além disso, a organização segue ativa no Iraque e na Síria, como ficou comprovado no recente ataque a uma prisão controlada por forças curdas.
Segundo os especialistas, o EI está constantemente preparando a sucessão de seus líderes, mas não há nenhuma informação nos últimos meses sobre quem poderia suceder Al-Mawla.
"Evidentemente, é um importante revés" para o EI, explica à AFP Hans-Jakob Schindler, um especialista que trabalhou para as Nações Unidas e é diretor do CEP. "Seria um erro pensar que tudo terminou ou vai melhorar após essa eliminação, ante o número reduzido de ataques na Europa e nos Estados Unidos" recentemente, acrescentou.