Três em cada quatro pessoas no mundo com mais de 10 anos têm um celular
Aparelho é usado principalmente para acessar a internet, mas o preço do serviço ainda é um barreira em países pobres
Internacional|Do R7
Cerca de 75% da população mundial com mais de 10 anos de idade possui um celular em 2022, embora um terço das pessoas ainda não esteja conectada à internet, informou a ONU nesta quarta-feira (30).
"Os telefones celulares são a porta de entrada mais comum para usar a internet, e a porcentagem de propriedade serve como um indicador de disponibilidade e de acesso à rede", comentou a União Internacional de Telecomunicações (UIT) em seu relatório anual sobre conectividade global.
O estudo "Facts and figures 2022" ("Fatos e números 2022") destaca que possuir um telefone celular não significa ter acesso à internet, especialmente em economias de baixa renda, onde o custo dos serviços de banda larga ainda é muito alto.
Segundo dados levantados pela UIT, 95% das pessoas que vivem em países ricos possuem telefone celular, enquanto em países pobres esse índice cai para 49%.
'Escuridão digital'
A pandemia da Covid-19 e seus confinamentos forçaram centenas de milhões de pessoas a trabalhar, ou estudar, online, o que fez a conectividade deslanchar.
O relatório destaca que o acesso à internet continua crescendo, mas menos rapidamente.
Hoje, estima-se que 5,3 bilhões de pessoas, 66% da população mundial, usem a internet. Quase todo mundo que não está conectado à rede vive nos países mais pobres.
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"A porcentagem de pessoas que usam a internet não parou de aumentar nos últimos anos e teve uma forte alta em 2020", disse Thierry Geiger, economista-chefe da UIT, à AFP.
Mas ainda há um longo caminho a percorrer, porque "muitas pessoas continuam a viver na escuridão digital", destaca Doreen Bogdan-Martin, que no início de 2023 se tornará a primeira mulher a liderar essa agência.
"O acesso à internet está aumentando, mas não com a velocidade e a equidade necessárias em todo o mundo", acrescentou em um comunicado sobre o relatório.
Custo
Uma medida de referência do acesso à internet é o preço médio dos serviços de banda larga móvel, muitas vezes mais baixo do que o cobrado pelo acesso fixo e que permite aos utilizadores acesso à rede a partir de um smartphone.
O preço caiu de 1,9% para 1,5% da renda nacional bruta média per capita em 2022. Ainda assim, seu custo continua sendo alto demais para o consumidor médio na maioria das economias de baixa renda.
Um plano básico de dados móveis nesses países custa em média 9% da renda média, destaca o estudo.
A porcentagem ainda é muito superior ao custo de serviços semelhantes em países de renda mais alta, alerta a UIT.
A agência da ONU pede a todos os países que garantam acesso facilitado à banda larga, o qual define como um custo inferior a 2% da renda nacional bruta mensal per capita.
"Temos que continuar trabalhando para tornar a internet cada vez mais acessível, mesmo com a desaceleração global da economia, que piora as perspectivas para muitos países", disse o secretário-geral da UIT, Houlin Zhao, em um comunicado.
O economista Thierry Geiger enfatiza que, embora o custo da conectividade continue caindo, o aumento do preço das necessidades básicas pode forçar muitas pessoas a ficar offline.
O acesso à internet é cada vez mais considerado um serviço fundamental, mas "a comida prevalece sempre", recordou.
A diferença numérica entre ricos e pobres também inclui uma diferença de gênero.
Embora as mulheres representem quase metade da população mundial, há 259 milhões a menos de mulheres do que homens com acesso à internet.
Apenas 63% das mulheres usam a internet em 2022, em comparação com 69% dos homens, indica o relatório.
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