Voto em branco domina 1º dia de eleição presidencial na Itália
Principais coligações, de esquerda e direita, seguem sem consenso ou maioria para eleger o próximo presidente italiano
Internacional|Do R7

O voto em branco dominou nesta segunda-feira (24) a primeira rodada de votação no Parlamento da Itália para eleger um novo presidente da República, uma eleição marcada pela incerteza, na qual o atual primeiro-ministro, Mario Draghi, é um dos favoritos.
Mais de mil "grandes eleitores" (321 senadores, 629 deputados e 58 representantes de 20 regiões) foram convocados para eleger o novo presidente, cujo mandato dura sete anos.
A cédula branca imperou no primeiro dia, já que os líderes dos partidos não chegaram a um acordo sobre o sucessor de Sergio Mattarella, cujo mandato acaba em 3 de fevereiro.
As duas maiores coligações de esquerda e direita, que não têm maioria parlamentar, decidiram votar em branco, totalizando 672 cédulas.
Matteo Salvini, líder da ultradireitista Liga, partido com o maior número de parlamentares, se reuniu nesta segunda-feira separadamente com Draghi e com os líderes do Partido Democrático (PD, esquerda), do antissistema Movimento Cinco Estrelas (M5S) e do direitista Irmãos da Itália, para tentar propor uma personalidade com amplo consenso.
"O diálogo foi aberto. Trabalhamos por um nome", anunciaram em comunicado conjunto os líderes da Liga e do PD, formações historicamente rivais.
As funções do presidente são essencialmente honorárias na Itália, onde rege o sistema parlamentar. Portanto, para o cargo, costuma-se escolher uma personalidade renomada, com capacidades notáveis de mediação e que esteja acima dos partidos.
Voto no estacionamento
Nas três primeiras rodadas de votação, é necessária uma maioria de dois terços, mas, a partir da quarta rodada de votações, é suficiente uma maioria simples.
A votação ocorre mediante voto secreto, e não há dúvidas de que ela vai durar vários dias.
No passado, não faltaram surpresas, tanto que as eleições para presidente na Itália costumam ser comparadas aos conclaves para a eleição do papa.
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Devido às medidas sanitárias adotadas contra a Covid, cada rodada vai durar apenas um dia, e os que se infectarem com o vírus terão uma mesa de votação externa especial, no estacionamento do Parlamento.
Segundo o canal de televisão La7, entre 12 a 15 parlamentares testaram positivo.
A incerteza cresceu após a retirada, no sábado (22), da candidatura do ex-primeiro-ministro e magnata das comunicações Silvio Berlusconi, de 85 anos, que lançou uma campanha original, seduzindo os parlamentares indecisos pelo telefone, com piadas e promessas.
Il Cavaliere está hospitalizado para fazer exames "de rotina", por isso desapareceu de fato da cena política.
Draghi presidente?
Draghi, de 74 anos, é o principal candidato, mas sua eleição abriria uma fase de instabilidade política.
Eixo crucial da ampla coalizão que vai da direita à esquerda, o que lhe garantiu obter fundos colossais da União Europeia, o economista deu ao país um prestígio internacional que se acreditava perdido.
Mas sua eleição deixaria o posto de primeiro-ministro vago. Portanto, muitos preferem que ele permaneça no cargo até as eleições legislativas de 2023, já que temem eleições antecipadas.
Investidores internacionais também temem que a Itália, endividada, fique para trás em um rigoroso calendário de reformas se Draghi renunciar como primeiro-ministro.
Sem definição
A imprensa italiana cita há semanas nomes de candidatos além de Draghi para suceder Sergio Mattarella, de 80 anos, no Palácio do Quirinal, a sede da Presidência.
Entre os nomes que os setores progressistas lançaram neste fim de semana está o católico Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Santo Egídio, próximo ao papa Francisco e conhecido por sua política em favor dos migrantes e por ter mediado inúmeros conflitos internacionais.
Observadores calculam que antes da quinta-feira (27), quando ocorrerá a quarta rodada e será necessária apenas uma maioria simples para a vitória, o candidato mais provável aparecerá.
A partir desta segunda-feira (24), o Parlamento da Itália vai se reunir em sessão conjunta para eleger o próximo presidente da República. Até o momento, uma nuvem de incertezas cobre o nome do substituto de Sergio Mattarella (foto), que encerra seu man...
A partir desta segunda-feira (24), o Parlamento da Itália vai se reunir em sessão conjunta para eleger o próximo presidente da República. Até o momento, uma nuvem de incertezas cobre o nome do substituto de Sergio Mattarella (foto), que encerra seu mandato de sete anos no dia 3 de fevereiro e já disse que não quer ser reeleito, embora seja um dos cotados. Confira a seguir os principais cotados para assumir o Palácio do Quirinale