Os médicos que acompanharam o tratamento do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), revelaram, na tarde desta quarta-feira (26), que o câncer enfrentado pelo político foi diagnosticado no testículo. Até então, o corpo clínico só havia revelado que tratava-se de um tipo de linfoma não-Hodgkin.Horas após a morte do prefeito, de 77 anos, a equipe do hospital revelou como foi o fim da vida de Fuad Noman. Segundo o médico oncologista Enaldo Melo de Lima, o então chefe do Executivo municipal ficou lúcido boa parte do tratamento, mas perdeu a consciência no final da internação. “Ele tinha momentos em que ficava acordado, mas já não estava mais lúcido. Ele teve uma perda neural difusa. Ele estava traqueostomizado e já nem conseguia mais abrir o olho na fase final”, revelou o especialista que acompanhou Noman desde o início do tratamento.“O tratamento dele exigiu uma grande gama de profissionais. Muita gente se dedicou profundamente a isso. A partir de dezembro começou a ter mais problemas de locomoção, por causa de uma complicação neurológica, infecções e descompensação cardíaca. Ele precisou de ventilação mecânica. Algumas semanas ele conseguiu ficar fora dos aparelhos e com pioras, até que teve uma parada cardíaca súbita durante o tratamento”, completou o médico Anselmo Dornas Moura, coordenador da UTI do Hospital Mater Dei.O diagnóstico do câncer foi divulgado pelo político em julho de 2024, quando estava prestes a iniciar a campanha pela reeleição. Na época, o prefeito já tinha passado por uma cirurgia para retirada do tumor e a quimioterapia. O prefeito comemorou o fim do tratamento em outubro, às vésperas do segundo turno.“Ele tinha um linfoma testicular que era sistêmico. Ele teve uma resposta completa e, durante o tratamento, teve complicações decorrentes não só do câncer, mas do tratamento ao qual ele foi submetido”, explicou o médico Enaldo Lima.Após ser reeleito no fim de outubro, o prefeito foi internado quatro vezes, por diferentes motivos. Em algumas passagens pelo hospital ele precisou ser intubado. A última internação foi no dia 3 de janeiro, devido a um quadro de insuficiência respiratória aguda. Depois disso, ele não saiu mais do hospital, morrendo 82 dias depois.“Fuad desenvolveu quadros repetidos, às vezes de infecções, às vezes de problemas inerentes ao cuidado prévio dele, de doenças associadas que ele tinha previamente”, detalhou o oncologista.Os médicos descartam que a campanha eleitoral tenha agravado o quadro do político. “Ele teve muito estímulo para lutar pela vitória. Ele estava muito determinado. Durante o tratamento, no período pré-eleitoral, ele tomava doses altas de corticoides. Então, ele teve uma potência funcional maior. O período da campanha foi o melhor período dele. Ele teve uma força descomunal. Ele era uma pessoa muito forte, muito resiliente. Ele não teve nenhuma infecção relacionada à exposição dele na campanha”, comentou o médico Enaldo Lima.Fuad estava acompanhado da esposa, Mônica Drummond, um dos filhos e alguns netos quando morreu.