Análises do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), divulgadas nesta terça-feira (9), indicam a presença das substâncias tóxicas dietilenoglicol e monoetilenoglicol em cervejas produzidas pela Backer desde janeiro de 2019 - um ano antes das investigações da Polícia Civil sobre a contaminação. As substâncias tóxicas são utilizadas no processo de resfriamento das bebidas, mas são tóxicas para o consumo. As cervejas contaminadas deixaram 42 vítimas; dessas, nove morreram. Leia mais: 'Foi negligência da Backer', diz filha de homem que ficou na UTI O Ministério explicou que fez a análise de mais de 700 amostras de produtos e insumos coletados na cervejaria Backer e no comércio, visando apurar a contaminação. Até o momento, os rótulos de cervejas contaminadas detectadas são: Belorizontina, Capitão Senra, Backer Pilsen Export, Corleone, Capixaba, Três Lobos Pilsen, Layback D2 e Bravo. Apesar da diferença em alguns lotes, o Mapa ressalta que todos os 53 lotes divulgados com presença dos contaminantes estavam desconformes, mesmo não sendo possível a identificação da quantidade específica presente no produto. O coordenador-geral de Vinhos e Bebidas da Secretaria de Defesa Agropecuária, Carlos Muller, explicou o uso do método qualitativo na investigação. — O método qualitativo, apesar de não ser capaz de fornecer informações quanto à quantidade dos contaminantes nas amostras, apresenta maior sensibilidade à presença desses contaminantes, e desta forma identifica-os em níveis inferiores aos detectados pelo método quantitativo. De acordo com o Mapa, a empresa está sendo comunicada sobre os resultados das análises e poderá requisitar contraprova caso queira contestar os resultados. O Ministério afirmou, ainda, que a empresa solicitou a reabertura e a liberação da fábrica, mas que o pedido será atendido somente após a cervejaria cumprir as exigências feitas pelo órgão, provando "ser capaz de garantir a segurança da produção futura".Inquérito Nesta terça, a Polícia Civil apresentou as conclusões do inquérito que investigou, por cinco meses, a intoxicação por monoetilenoglicol e dietilenoglicol de 42 pessoas que consumiram as cervejas da Backer. Os investigadores concluíram que a contaminação com os anticongelantes aconteceu através de furos nos tanques de produção da fábrica. De acordo com a polícia, há indícios de que houve "negligência e imperícia" por parte da empresa. Três diretores e sete funcionários vão ser indiciados. *Estagiária do R7 sob a supervisão de Lucas Pavanelli