Em semana crítica, MG registra mortes que ocorreram há 55 dias
Idoso de Espinosa, no Norte de Minas, morreu de covid-19 em maio, mas só entrou na lista oficial de mortos nesta semana; atrasos são comuns
Minas Gerais|Vinicius Rangel e Enzo Menezes, da RecordTv Minas
Na semana em que Minas Gerais contabilizou o maior número de casos e de mortes em decorrência do novo coronavírus, a SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde) demorou até 55 dias para oficializar uma morte pela doença.
Foi o caso de um senhor de 75 anos, morador de Espinosa, a 570 km de Belo Horizonte, na região Norte do Estado. Ele morreu no dia 17 de maio, mas apenas no último dia 11de julho foi reconhecido pela Secretaria de Estado de Saúde como vítima da covid-19.
Governo de MG demora até 42 dias para registrar mortes por covid-19
O boletim epidemiológico, emitido diariamente pelo Estado a partir dos dados das prefeituras, tem uma lacuna grande. Segundo levantamento da RecordTV Minas, na última semana, 14% dos óbitos demoraram mais de 15 dias para serem oficializados. Um total de 70, dos 483 registrados no período.
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Os outros casos que mais demoraram para entrar no banco de dados da pasta esta semana, são o de uma mulher, de 64 anos, de Mirabela, a 494 km da capital mineira e um homem, 75 anos de Ubá, município localizado na região de Juiz de Fora, distante cerca de 280 km de Belo Horizonte.
As duas mortes levaram 54 dias para serem confirmadas. Em Ribeirão das Neves, região metropolitana da capital, uma mulher de 79 anos teve que esperar 45 dias para que o Estado reconhecesse a causa da morte.
Retrato diferente
Para o infectologista Estevão Urbano, a situação é crítica quando a demora acontece na maior parte dos casos registrados, mas a situação atual também preocupa.
— Se você tem uma janela de 20, 30 dias nos registros, essa realidade já mudou completamente para melhor, ou para pior. Isso te faz tomar decisões com base em uma falsa realidade
A reportagem entrou em contato com a SES-MG, que ainda não se pronunciou sobre a demora nos registros de óbitos de covid-19.