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Médico acredita que anticongelante causou doença misteriosa em MG

Substância usada para resfriamento de produtos em fábricas foi encontrada em cerveja de BH; fabricante diz que não usa o composto químico

Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7

Força-tarefa investiga causas de contaminação
Força-tarefa investiga causas de contaminação Força-tarefa investiga causas de contaminação

Especialistas ouvidos pelo R7 acreditam que a substância encontrada pela Polícia Civil em dois lotes da cerveja Belorizontina, da Backer, pode ter causado a doença misteriosa que contaminou ao menos oito pessoas em Minas Gerais. Um homem de 55 anos morreu vítima de complicações do quadro.

Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica que todos os sintomas apresentados pelos doentes indicam a intoxicação pelo dietilenoglicol, que é um anticongelante usado em processo de resfriamento em fábricas.

Segundo o Ministério da Saúde, os pacientes apresentaram náusea, vômito, dor abdominal, quadro de insuficiência renal aguda grave e alterações neurológicas, como paralisia facial, vista borrada e cegueira total ou parcial. Wong defende que os sinais não sugerem que estas pessoas tenham sido infectadas por algum tipo de bactéria ou vírus.

— Um quadro clínico de infecção por microrganismos tem dores abdominais, mas causaria também diarreia e febre. Não há relatos sobre isto. Uma contaminação por bactéria também não causaria insuficiência renal tão rapidamente.

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Wong foi um dos médicos consultados pela Vigilância Sanitária de Minas Gerais antes da divulgação do laudo da Polícia Civil, nesta quinta-feira (9), em Belo Horizonte. Os exames foram feitos com base em quatro garrafas que estavam na casa dos pacientes que apresentaram sintomas da síndrome que está sendo chamada de “nefroneural”.

Bruno Gonçalves Botelho, professor do departamento de química da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), ressalta que o dietilenoglicol pode ser usado no resfriamento das cervejas durante a produção, embora não seja a substância favorita dos fabricantes, devido à toxicidade.

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O especialista, que é pesquisador sobre produção cervejeira, explica que o composto químico, geralmente, é misturado à água e colocado em taques, onde vasilhames vedados com a bebida são inseridos para a redução de temperatura. O professor analisa que o contato entre os líquidos só é possível caso haja algum erro na produção.

— O risco de contato é praticamente inexistente, a menos que tenha havido alguma falha no processo, como um pequeno vazamento.

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A Backer, produtora da Belorizontina, contudo, defende que dietilenoglicol não é usado pela fábrica. O R7 questionou a empresa sobre qual é a substância utilizada no resfriamento da bebida, mas a companhia ainda não se manifestou.

Contaminações

O médico Anthony Wong acredita que caso a doença tenha sido de fato provocada pelo anticongelante encontrado nas cervejas, outras pessoas também podem ter consumido o produto contaminado, mas não apresentado sintomas devido à baixa quantidade ingerida da substância. Essa explicação é a mesma que o pesquisador vê para o fato de apenas homens terem sido internados, até o momento.

Segundo Wong, provavelmente, as pessoas que desenvolveram os quadros de insuficiência renal e alterações neurológicas beberam mais quantidade da cerveja, caso o produto tenha sido o motivador da doença.

— A quantidade em que o dietilenoglicol afeta o corpo humano varia com idade, peso da pessoa e a concentração do produto na bebida. Aqueles que não apresentaram sintomas, não precisam se preocupar.

Após a divulgação dos laudos da Polícia Civil, a Backer informou que vai recolher todas as garrafas dos lotes L1 1348 e L2 1348, que foram apontados na perícia. Os consumidores que compraram a bebida devem agendar um horário para a empresa recolher o material, pelo telefone (31) 99536-4042. Por nota, a cervejaria ressaltou que “aguarda a conclusão das investigações e reforça seu compromisso com a qualidade dos seus produtos”.

Veja a íntegra da nota da Backer:

"A Backer reforça que a substância dietilenoglicol não faz parte de nenhuma etapa do processo de fabricação de seus produtos, inclusive da Belorizontina. E reitera que continua colaborando com as autoridades e que se solidariza com as famílias envolvidas. A cervejaria informa que os lotes L1-1348 e L2-1348 serão recolhidos diretamente nos domicílios dos consumidores, em horário agendado. Para isso, os clientes devem ligar para o telefone (31) 99536-4042, exclusivo para esse procedimento. A cervejaria aguarda a conclusão das investigações e reforça seu compromisso com a qualidade dos seus produtos".

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