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Operação Ross: PF ouve empresários suspeitos de lavagem de dinheiro

Polícia investiga esquema de pagamento de propina e de compra de apoio político para a campanha de Aécio Neves à Presidência em 2014

Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7

Depoimentos serão colhidos na sede da PF em BH
Depoimentos serão colhidos na sede da PF em BH Depoimentos serão colhidos na sede da PF em BH

A Polícia Federal deve ouvir em Belo Horizonte, ainda na tarde desta terça-feira (11), mais seis pessoas investigadas na operação Ross, desdobramento da Lava Jato que apura crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e compra de apoio político para a campanha de Aécio Neves à Presidência em 2014.

Os federais colherão depoimentos de cinco empresários e da funcionária de uma companhia que teria enviado repasses irregulares para o senador tucano. O esquema foi revelado na delação premiada do empresário Joesley Batista e do ex-executivo da J&F, Ricardo Saud.

Segundo as investigações, 12 partidos políticos receberam propina para se manterem na legenda do tucano na corrida de 2014. Os pagamentos teriam sido feitos com dinheiro do grupo de frigoríficos com ajuda de outras empresas para lavagem da verba.

A Procuradoria-Geral da República informou que a J&F teria repassado cerca de R$ 130 milhões que foram distribuídos entre parlamentares. Em troca, Neves teria prometido favorecimentos caso fosse eleito presidente e ajuda para restituir créditos tributários junto ao Governo de Minas.

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Família Neves

Segundo a delação, entre as empresas que ajudaram na lavagem do dinheiro, estaria uma companhia de comunicação. Neves teria recebido da empresa R$ 1,3 milhão em 17 pagamentos de R$ 54 mil. Batista apresentou 16 notas fiscais pagas pelo frigorífico JBS para comprovar a irregularidade.

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De acordo com o empresário, em uma reunião com Andrea Neves um dos assuntos discutidos foi a maneira de disfarçar a propina em forma de contratos. "Eu disse a ela que a gente tinha que arrumar uns contratos fictícios para dar ar de legalidade as coisas ilegais da campanha de 2014", revelou Batista.

Andrea Neves não comentou acusações
Andrea Neves não comentou acusações Andrea Neves não comentou acusações

A irmã do senador Aécio Neves, Andrea Neves, prestou depoimento na superintendência da PF em Belo Horizonte. Ela deixou o local acompanha pelo advogado sem falar com a imprensa. O primo deles, Frederico Pacheco também depôs. 

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O marketeiro do senador Aécio Neves, Paulo Vasconcelos, também foi intimado. Segundo o despacho do Ministro Marco Aurélio Melo, que autorizou a operação, a empresa de Vasconcelo usou notas frias para lavar R$ 2,5 milhões. O advogado do marketeiro negou as acusações.

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O deputado federal paulista Paulinho da Força, presidente do Partido Solidariedade, e a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha de Roberto Jefferson, também foram alvos da operação.

Segundo as investigações, o partido de Cristiane teria recebido R$ 20 milhões da JBS e o Solidariedade, R$ 15 milhões em 2014. Outros nove partidos teriam recebido R$ 10,3 milhões para garantir apoio político.

De acordo com a PF, o senador Antonio Anastasia (PSDB), Agripino Maia (Dem) e Benito Gama (PTB) também são citados na investigação. Contudo, não foram cumpridos mandados contra eles.

Ao todo, 200 agentes cumprem 24 mandados de busca a apreensão e 48 intimações para oitivas. Os endereços estão localizados em oito Estados — Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Amapá — e no Distrito Federal. 

Defesa

A defesa de Aécio Neves afirma que o senador sempre esteve à disposição da Justiça e que fatos precisam ser esclarecidos.

"O Senador Aécio Neves sempre esteve à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários que mostrarão a absoluta correção de todos os seus atos. É preciso que se esclareça que os recursos referidos pelos delatores da JBS agora como propina são as contribuições eleitorais feitas à campanha do PSDB em 2014 e devidamente registradas na Justiça Eleitoral. Somam-se a esses valores contribuições legais feitas a outros partidos políticos. A medida é, portanto, desnecessária já que o Senador é o maior interessado no esclarecimento de todos os fatos".

A assessoria de imprensa de Anastasia afirma que "o senador Antonio Anastasia desconhece totalmente o motivo pelo qual teve seu nome envolvido nessa história. Em toda sua trajetória, ele nunca tratou de qualquer assunto ilícito com ninguém".

Em nota, Paulinho da Força afirma que "A delação da JBS foi desmoralizada publicamente e a fraude realizada pelos delatores foi comprovada com a prisão dos dois empresários pelo Superior Tribunal Federal (STF). A acusação absurda de compra de apoio do partido Solidariedade para a candidatura à Presidência de Aécio Neves, em 2014, beira o ridículo", diz a nota de Paulinho.

Leia também: MP investiga viagens de Aécio Neves em aeronaves do Governo de Minas

Segundo a assessoria do deputado, ele se colocou à disposição da Justiça para prestar quaisquer esclarecimentos, "desde que lhe seja facultado acesso ao processo previamente".

Procurada, a assessoria de Agripino Maia afirma que não houve buscas em endereços ligados ao senador, que também é presidente nacional do DEM.

"Enquanto presidente nacional do Democratas buscou, seguindo a legislação eleitoral vigente, doações para o partido. Doações que, solicitadas a diversas empresas, foram voluntariamente feitas sem que o ato de doação gerasse qualquer tipo de compromisso entre o doador e o partido ou qualquer dos seus integrantes. O senador permanece à disposição da Justiça para os esclarecimentos que se fizerem necessários", disse por meio de nota.

Já o deputado Benito Gama manifestou em nota que "há um fato sendo investigado sobre a eleição presidencial de Aécio Neves em 2014. Na condição de presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em exercício à época, fui convidado hoje (11), para prestar testemunho sobre este fato que tem relação com a empresa JBS e a candidatura do Aécio Neves".

"Não houve contra a mim nenhuma medida de busca e apreensão ou qualquer outra medida, como divulgado pela imprensa. Assim como em toda a minha trajetória, continuo sempre à disposição da justiça em qualquer investigação. O mesmo faz parte do estado democrático. Repudio em absoluto qualquer ato de corrupção e tentativa de ser relacionado ao objeto das investigações da Lava Jato. Reitero a minha lisura e conduta pautada na honestidade, seriedade e responsabilidade ao longo destes mais de trinta anos dedicados à de vida pública em prol da Bahia e do Brasil", conclui o parlamentar.

A reportagem também procurou a assessoria de Paulinho da Força e de Cristiane Brasil, mas ambas não foram encontradas até o momento.

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