Secretários de Zema vão multiplicar salários em conselhos de estatais
Julia Sant'Anna (Educação) e Custódio Mattos (Governo) vão receber R$ 8 mil para participar de uma reunião por mês nos conselhos da Taesa e Light
Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7
O governador Romeu Zema (Novo) vai repetir uma prática adotada por seus antecessores Fernando Pimentel (PT) e Antonio Anastasia (PSDB): usar cargos em conselhos de empresas estatais para "engordar" salários de secretários estaduais.
A secretária de Estado de Educação, Julia Sant'Anna, e o de Governo, Custódio Mattos, já foram escolhidos para ocupar vagas nos conselhos fiscais da Taesa e da Light, empresas da área de energia elétrica controladas pela Cemig. Mas não serão os únicos.
O governo do Estado confirmou, em nota, que pretende ampliar a prática a outros titulares de pastas.
"Representando os interesses do Estado, vários secretários estarão em conselhos fiscais de empresas em que o Executivo estadual tem participação acionária. Por estarem na gestão da administração direta, conhecendo as diretrizes das políticas públicas estaduais, o Governo entende ser apropriado indicar esses profissionais para participarem dos conselhos fiscais. São representantes do Estado que contribuirão para o alinhamento de prioridades”, afirma o governo.
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Com salário de R$ 10.940, a secretária de Educação, Julia Sant'Anna vai receber, ao todo, R$ 17.455 para participar de uma reunião mensal no conselho fiscal da Taesa e outra no conselho fiscal da Light, aumentando sua remuneração para quase R$ 30 mil mensais.
Já Custódio Mattos, secretário de Governo, vai receber R$ 8.363 para integrar o conselho fiscal da Light, ampliando seu vencimento para cerca de R$ 20 mil. Ambos foram indicados pela Cemig, empresa controlada pelo governo mineiro, e tomam posse como conselheiros no fim do mês.
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Compromisso
Durante a campanha, o governador Romeu Zema firmou compromisso em cartório de que, além dele, o vice-governador e os secretários estaduais não receberiam salários enquanto os servidores continuassem tendo os vencimentos depositados de forma parcelada.
Em vídeo de campanha divulgado em 16 de outubro do ano passado, gravado no cartório, Zema diz:
- É um orgulho enorme estarmos aqui assinando um compromisso público firmado em cartório onde eu, o vice Paulo Brant e todo secretário vamos estar abrindo mão dos nossos vencimentos, enquanto houver um funcionário ou pensionista do Estado recebendo atrasado. Eu sempre disse: exemplo vem de cima. E aqui não vai ser diferente.
Uma lei estadual, no entanto, impede que qualquer servidor abra mão de seu salário, mesmo que por vontade própria. Zema anunciou que está doando seu salário para entidades, mas os secretários continuam recebendo normalmente. Já os servidores do Estado, permanecem com os salários atrasados desde 2016.