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Tragédia de Mariana (MG) terá novo acordo de reparação até fevereiro

MP usa ação que cobrou R$ 155 bilhões da Samarco como parâmetro para a negociação, mas ainda não tem valor definido

Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7

Rompimento matou 19 pessoas em 2015
Rompimento matou 19 pessoas em 2015 Rompimento matou 19 pessoas em 2015

O novo acordo que vai definir as ações de reparação às cidades, estados e populações atingidos pelo rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, a 110 quilômetros de Belo Horizonte, deve ficar pronto em fevereiro de 2022.

A informação foi confirmada pelo procurador-geral de Justiça Jarbas Soares nesta quinta-feira (28), em coletiva para fazer um balanço sobre as ações ligadas à tragédia. O colapso completará 6 anos no próximo dia 5 de novembro.

Quando foi anunciado, em meados deste ano, o novo acordo tinha conclusão prevista até o fim deste mês de outubro, mas as reuniões entre os órgãos públicos e as empresas tiveram as agendas redefinidas.

Soares afirmou que a avaliação do MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) e outros órgãos é de que as medidas de reparação adotadas até o momento pela Fundação Renova, criada para cuidar do assunto, são insatisfatórias.

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"Temos danos sociais, econômicos e ambientais. Esperamos que ao final das negociações se chegue a uma espécie de contrato que seja interessante tanto para as empresas quanto para os envolvidos. Não estamos contra elas [mineradoras]. Quando a empresas tiverem o pacto na mãos, vão ver que é interessante para elas, já que manifestaram querer definitividade, segurança jurídica e a compensação social", disse Soares.

Valor do acordo

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Sobre valores, Soares destacou que os órgãos devem bater o martelo apenas em fevereiro, após analisarem todas as demandas. O procurador-geral, no entanto, disse que a ação de R$ 155 bilhões proposta pelo MPF (Ministério Público Federal) em 2016 vai servir de parâmetro. Ele ressaltou ainda que o montante precisaria passar por correção monetária.

O chefe do MP de Minas também lembrou que o acordo fechado em fevereiro deste ano referente ao rompimento da barragem da Vale em Brumadinho começou com um pedido de R$ 52 bilhões e foi concluído com o pagamento de R$ 37,6 bilhões.

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"Estamos abertos à discussão. O Ministério Público sabe que estamos sentando à mesa para negociar a melhor solução. Se for para impor, o caso vai para a Justiça", afirmou Soares. 

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Ele explicou que o acordo inicial firmado para a tragédia de Mariana em 2018, hoje criticado pelo MP, serviu para que a tratativa ligada a Brumadinho tivesse outros moldes. O procurador-geral de Justiça avalia que agora Brumadinho influencia o novo acordo de Mariana, mas com ressalvas:

"No caso de Brumadinho, as indenizações individuais estão sendo tratadas com a Defensoria Pública e a Vale. Diferentemente, em Mariana, a indenização dos atingidos estará no coração dessa repactuação do acordo".

A nova proposta deve definir critérios referentes aos processos de indenizações simplificadas que vêm sendo adotados, conforme explicou o chefe do Ministério Público.

Lentidão

Entrega de casas foi adiada três vezes
Entrega de casas foi adiada três vezes Entrega de casas foi adiada três vezes

Os membros do MP mineiro criticaram a "lentidão" na reparação dos danos provocados pelo estouro da barragem da Samarco e a falta de responsabilização. Até hoje, nenhum investigado foi julgado e condenado criminalmente.

Sobre a situação judicial, o promotor Carlos Eduardo Pinto, coordenador do Caoma (Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente), avaliou que o sistema brasileiro não facilita a tramitação mais rápida:

"No âmbito criminal há uma questão mais complexa, que é a legislação vigente. São crimes de grande repercussão, várias vítimas, dificuldade de investigação. Nosso processo penal deveria ser revisto. Uma discussão deveria ser travada na Câmara dos Deputados sobre isso".

Espera

O rompimento da barragem da Samarco provocou a morte de 19 pessoas, deixou centenas de famílias sem casa e poluiu o Rio Doce com a lama de rejeitos de mineração, entre cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo. A Samarco é uma mineradora que pertence às empresas Vale e BHP Billinton, autraliana.

Alguns atingidos ainda lutam para ter os direitos reconhecidos. A entrega das casas destruídas no distrito de Bento Rodrigues foi adiada três vezes, a última delas em fevereiro deste ano.

Sobre os atrasos, a Renova informou que há previsão de conclusão dos trabalhos até dezembro de 2022, considerando os projetos que já foram aprovados pelos atingidos. A fundação também lembrou que o cronograma foi afetado pela pandemia da Covid-19.

Veja a íntegra da nota da Fundação Renova:

"A evolução das obras do reassentamento e a estimativa de conclusão de trabalhos até dezembro de 2022 em Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo consideram os projetos que já tiveram aprovação dos atingidos, condição essencial para o início de obra de cada unidade, e que interfere na quantidade de casas concluídas.

Vale dizer que as famílias podem fazer alterações nos projetos até a emissão do alvará. A Fundação não tem controle sobre o tempo gasto por cada uma das famílias para aprovação final dos projetos, até que seja concedida autorização para submissão à Prefeitura, para fins de análise e emissão de alvará.

A estimativa considera também questões de engenharia, disponibilidade de mão de obra, impactos da pandemia no ritmo dos trabalhos e evolução da vacinação e redução de índices de transmissão. Com a flexibilização das restrições sanitárias na cidade de Mariana, graças ao crescimento da taxa de vacinação, e o avanço das obras dos reassentamentos, a contratação de mão de obra volta a aumentar. Cerca de 750 vagas de emprego foram disponibilizadas nos reassentamentos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo.

Em razão da Covid-19, o número de colaboradores em campo precisou ser reduzido no início da pandemia a fim de minimizar os riscos e preservar a segurança dos trabalhadores. Atualmente, cerca de 1.700 pessoas trabalham no canteiro de obras do reassentamento de Bento Rodrigues e 885 em Paracatu de Baixo."

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