Vereadores recebem mineradoras para discutir falta de água em BH
CPI criada na Câmara Municipal da capital mineira apura possíveis impactos da mineração no abastecimento de água da região metropolitana
Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7
Representantes das mineradoras CSN e Anglo Gold Ashanti foram convocados para prestar depoimentos à Câmara Municipal de Belo Horizonte nesta terça-feira (23). O objetivo dos parlamentares é apurar informações com as empresas sobre eventuais impactos no abastecimento de água da capital mineira. A Vale deve ser ouvida pelos parlamentares na semana que vem.
A oitiva está marcada para esta manhã durante reunião da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Barragens, criada em fevereiro para investigar se as estruturas localizadas na região metropolitana de BH oferecem risco ao desabastecimento na capital mineira.
Faltando um mês para o prazo final do colegiado, os vereadores avaliam que ouvir as empresas é fundamental para a conclusão do relatório.
Leia também
Justiça aguarda cronograma da Vale para evitar falta de água em BH
Após Brumadinho, prefeitura deve garantir abastecimento em BH
Pará de Minas decreta situação de emergência devido à lama em rio
Belo Horizonte pode ter que racionar água a partir de 2020
Vale vai construir novo sistema de captação para evitar rodízio em BH
A CSN é responsável pela barragem Casa de Pedra, em Congonhas, a maior em área urbana do mundo, com 50 milhões de m³ de rejeitos de minério, quatro vezes mais do que havia na barragem da Vale, em Brumadinho, que se rompeu em janeiro desse ano deixando 270 vítimas.
A mineradora decidiu desativar a barragem em 30 de janeiro deste ano, cinco dias após a tragédia na cidade da Grande BH. Classificada como de alto risco, caso houvesse um rompimento, bairros próximos como Cristo Rei e Residencial Gualter Monteiro poderiam ser atingidos em cerca de 30 segundos. Uma creche e uma escola pública tiveram que ser levadas para outros lugares.
Já a Anglo tem uma barragem em Conceição do Mato Dentro, a 164 km de Belo Horizonte, onde são depositados os rejeitos do mineroduto Minas-Rio.
A Vale deve ser ouvida na CPI na próxima semana. A mineradora se comprometeu, em audiência de conciliação no Tribunal de Justiça de Minas Gerais a construir uma nova estação de captação de água no rio Paraopeba, 12 km acima de onde a Copasa (Companhia de Saneamento e Abastecimento de Minas Gerais) fazia a captação. A obra deve ficar pronta na semana que vem.
Captação
O sistema Paraopeba, que foi parcialmente atingido pela lama de rejeitos de minério de Brumadinho, é responsável por abastecer 30% do total de habitantes da região Metropolitana de Belo Horizonte. Os outros 70% saem do sistema do Rio das Velhas, que se tornou ainda mais imprescindível para manter o abastecimento de água na capital mineira.