Câmara chega ao dia da eleição com cenário desfavorável a Maia
Adversário do presidente que deixa o cargo, Arthur Lira (PP/AL) anuncia para esta manhã ato de apoio do DEM à sua candidatura. Situação constrange e isola Maia até no próprio partido
Christina Lemos|Do R7
Vai terminando em clima fratricida a disputa pela presidência da Câmara - um dos nichos de poder mais importantes da democracia brasileira. O posto, além de exercer influência determinante no processo legislativo e na dinâmica das relações políticas em Brasília, garante ao seu titular o papel de terceiro na linha sucessória da presidência da República.
A eventual declaração pública de apoio formal do Democratas ao candidato patrocinado pelo Planalto, Arthur Lira (PP/AL), anunciada para a manhã do próprio dia da eleição, pode representar um fecho melancólico para a importante gestão de Rodrigo Maia no comando da Casa. O ato está previsto para ocorrer na própria liderança do DEM e teve o convite distribuído na madrugada desta segunda pela assessoria de Lira.
Uma vez confirmado, o anúncio formal transforma o que nas últimas semanas era tido como “racha” na consolidação de uma traição a Maia dentro do próprio partido. A candidatura de Baleia Rossi (MDB/SP), pinçado de fora das hostes democratas, ganha ares de mais uma escolha personalista de Maia, que teria dado à própria sucessão um caráter de disputa pessoal contra Bolsonaro.
Entre a vocação oposicionista e a fisiológica, a Câmara sinaliza que vai escolher a segunda, e manter a tradição da política brasileira. O cenário para Maia é de tornar-se liderança da ala dos insatisfeitos. A dinâmica do processo sucessório, no entanto, marcada por forte embate entre correntes políticas, trocas de acusações e interferência do Planalto, projeta que, qualquer que seja o resultado da eleição desta segunda-feira, ele deverá acentuar a divisão no parlamento, com importantes reflexos para 2022.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.