Cientistas e observadores da questão climática receberam com alívio as declarações do presidente Bolsonaro esta manhã, perante a comunidade internacional, na abertura da Assembléia Geral da ONU. “Antecipamos, de 2060 para 2050, o objetivo de alcançar a neutralidade climática”, declarou, mantendo o compromisso de pronunciamentos anteriores.
“Sinalizou que quer o acordo em Glasgow do art.6. Pelo menos, [o Brasil] não deve agir como blocker, como o governo vinha atuando”, declara a ex-ministra de meio ambiente, Izabella Teixeira, crítica da atual política para o setor.
Para especialistas, no entanto, as omissões em questões básicas envolvendo o debate sobre o clima desfalcam o discurso do presidente e afetam a credibilidade nestas metas. Bolsonaro não mencionou se o país é favorável ao mercado de compulsório de carbono e nem detalhou políticas para mitigar as emissões do Brasil. Na comunidade internacional, as ações de governo tendem a ter mais peso que declarações de intenções. O governo Bolsonaro acaba de lançar um programa de carvão sustentável, por exemplo.
O encontro global sobre o clima está previsto para a primeira quinzena novembro em Glasgow, na Inglaterra. A COP26 será de decisiva para a sinalização da capacidade mundial de resposta aos desafios climáticos. “É um encontro em que os países estarão mais pressionados nesta agenda, apesar do cenário ainda de pandemia”, diz Márcio Astrini, do Observatório do Clima. “Aumentar a ambição [das metas] seria desejável, apesar de estamos falando de sempre de promessas”, completa.