Com Ciro Nogueira ministro, Bolsonaro confirma realinhamento político
Inflexão tenta garantir governabilidade e conclusão de mandato sem sobressaltos. Presidente se elegeu com ataques duros a legendas-símbolo da forma convencional de fazer política.
Christina Lemos|Do R7
Com a confirmação na manhã desta terça do senador Ciro Nogueira na Casa Civil, o presidente Bolsonaro confirma o movimento que o levou a aderir às legendas de centro-direita, hoje hegemônicas no Congresso. A inflexão de Bolsonaro, que ainda no PSL se elegeu com forte discurso de rejeição a estes partidos, busca estabilizar seu mandato, na segunda metade do governo e na contagem regressiva para as eleições de 2022.
A escolha reconfigura o próprio cargo, cuja função principal nunca foi a de articulação política. Por isso, a confirmação de Ciro Nogueira para a missão ganha aspecto de partilha real de poder. Bolsonaro sinaliza disposição de partilhar parte significativa de seu governo com o grupo desprezado em 2019.
A figura do homem político reformador dos costumes e práticas políticas, apresentado no momento eleitoral conturbado, de forte polarização, vai encolhendo em favor do presidente que busca governabilidade para concluir seu mandato em condições competitivas. A expectativa nesta escolha é de Ciro Nogueira complete o tripé, sustentado no outro extremo pelo suporte militar.
O senador piauiense preside uma das principais legendas do bloco denominado Centrão, o PP, e é visto como político moderado, com forte poder articulação e trânsito nos demais partidos. A ascensão do pepista ao núcleo central do governo turbina o poder da função de ministro da Casa Civil – usualmente uma espécie de “gerente geral” do Executivo, com o controle de vários setores sensíveis da gestão, como, por exemplo, a checagem prévia das nomeações.
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