Planalto adota cautela e teme turbulência na segunda metade do mandato de Lula
Aliados veem risco para governabilidade. Presidente desmarca entrevista para avaliar crise
Diante da avalanche de revelações de fonte oficial relacionadas à possível tentativa de golpe planejada por grupo de pessoas ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo a perspectiva de tentativa assassinato do então presidente eleito em 2022, aliados do presidente Lula recomendam extrema cautela na gestão dos desdobramentos políticos e jurídicos do episódio. A preocupação é evitar que a escalada do tema gere um “envenenamento das relações”, com reflexos sobre a sociedade civil.
A cautela é tal que o presidente Lula cancelou a entrevista coletiva à imprensa na tarde desta terça-feira (19), abrindo mão de colher pessoalmente os louros do sucesso do G20, que consagrou a principal marca de governo e biográfica do petista: o combate à fome e à miséria. Os eventos oficiais com a presença de Lula passaram imediatamente a ambientes internos, inclusive no fechamento do encontro de Cúpula.
O blog apurou que a orientação no núcleo de governo é aguardar “a decantação dos fatos” e observar a resposta da sociedade, sem saltar imediatamente ao ataque, tanto aos envolvidos diretamente quanto a adversários políticos, como Bolsonaro e familiares. A resposta no âmbito do governo será “a mais institucional possível”, deixando a cargo da Justiça as interpretações relativas à apuração tornada pública hoje pelo ministro Alexandre de Moraes.
A postura de reserva adotada pela maioria no círculo mais próximo à Lula segue o líder — se o presidente não se manifesta, é prudente aguardar. A preocupação central é com a governabilidade no curto e no médio prazos, na segunda metade do mandato de Lula. Afrontar setores militares, vulneráveis após as denúncias, não é opção neste momento no governo — segundo fontes responsáveis pelas relações com as três forças.
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