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Dólar em alta; entenda por que a moeda já valorizou mais de 15%

Movimento reflete fatores internos e externos, como risco fiscal no Brasil, desconfiança com mercados emergentes e economia dos EUA

Conta em Dia|Ana VinhasOpens in new window

Dólar tem vários fatores que influenciam alta CRIS FAGA/DRAGONFLY PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 12.06.2024

A disparada do dólar, que começou em junho, se mantém nos primeiros dias de julho. A moeda bateu R$ 5,70 nesta terça-feira (2), após ter fechado na segunda-feira a R$ 5,64, maior valor em dois anos e meio. Com isso, a alta acumulada chega a 6,43% em junho e 15,14% no primeiro semestre, o maior salto neste ano entre os países emergentes e também a mais alta variação ante o real desde 2020.

Segundo economistas, o movimento reflete vários motivos. No exterior, a desconfiança com mercados emergentes, várias eleições neste ano e dados econômicos dos Estados Unidos, com a perspectiva de aberto monetário. No Brasil, a percepção de risco fiscal, aumento de gastos nas contas públicas e maior projeção de inflação pressionam a cotação.

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De janeiro a maio, a receita líquida do governo federal subiu 9% em relação ao mesmo período do ano passado. Mas a despesa total subiu 13%, puxada pelo crescimento nos benefícios previdenciários.

Com isso, a taxa de câmbio tem reagido a essa incerteza fiscal, assim como as expectativas dos agentes de mercado em relação ao dólar e à inflação brasileira.


Críticas

Nesse cenário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem criticado a decisão do Banco Central e de seu presidente, Roberto Campos Neto, em manter a taxa básica de juros, a Selic, a 10,5% ao ano. Em entrevista nesta terça-feira, ele disse que “há um jogo especulativo no país”. Lula afirmou também que presidente do BC tem viés político e que esse perfil não deveria dirigir a instituição.


“A disparada do dólar hoje pode ser atribuída a várias razões. Internamente, as críticas do presidente Lula ao Banco Central, sobre especialmente a política de juros, aumentaram a incerteza no mercado. Isso, junto com preocupações fiscais, como déficits nas contas públicas e o aumento das projeções de inflação, pressiona a moeda”, explica professor de economia Hugo Garbe, da Universidade Mackenzie.

Já o efeito externo, segundo Garbe, a alta nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA e a valorização global do dólar também contribuem para essa elevação.


Para Bruno Imaizumi, consultor econômico da LCA, uma conjunção de fatores explica a escalada da moeda. “As falas do presidente Lula atrapalham, a gente teve uma perda de credibilidade do Banco Central recentemente que continua ecoando, o mercado está um pouco mais receoso em relação ao rumo da política fiscal e monetária brasileira”, afirma o economista.

Mas ele destaca também eventos que estão acontecendo no mundo. “Este ano é de muitas eleições. A gente está vendo na Europa, principalmente na França, com possível guinada para a extrema direita. O mundo um pouco mais receoso com essas questões geopolíticas que estão mudando. A economia norte-americana com eleições para acontecer neste ano. Quando tem mais tensão no mundo, a gente acaba observando procura por moedas mais seguras”, avalia.

Imaizumi afirma ainda que não só o real está se desvalorizando, como também as moedas de países emergentes. “Se a gente for olhar nos últimos meses, as economias emergentes, principalmente as latino-americanas, têm sofrido com a alta do dólar, com a desvalorização de suas moedas”, acrescenta.

Inflação

Em meio a isso, o Boletim Focus desta semana indicou que os economistas revisaram para cima as suas projeções para o câmbio no final deste ano e para os seguintes. Os principais bancos do Brasil também estão atualizando as suas estimativas para o câmbio em 2024.

Segundo o boletim, a mediana dos economistas para o dólar subiu de R$ 5,15 para R$ 5,20 em 2024. Para o ano que vem, a revisão foi de R$ 5,15 para R$ 5,19.

Isso ocorre após a divulgação da Dívida Pública Federal, que apresentou aumento de 3,10%, atingindo o valor de R$ 6,9 bilhões em maio, segundo relatório mensal do Tesouro Nacional.



Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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