Especialistas orientam a ter cautela nos próximos meses
Instabilidade política impacta diretamente os resultados da economia. O próximo semestre deve ter turbulências, dólar alto e desemprego
Economia em cinco minutos|Karla Dunder, do R7

O que esperar do próximo semestre? O Economia em 5 minutos ouviu especialistas para entender o que vem por aí nos meses que virão e as previsões não são nada animadoras. A palavra-chave é cautela.
“O Brasil deve continuar andando de lado, com uma série de indefinições no campo político, crescimento econômico abaixo do esperado e desemprego alto deixam o cenário turbulento para o próximo semestre”, avalia Juliana Inhasz do Insper.
Para o economista Fábio Astrauskas a situação seguirá instável até o primeiro semestre de 2019. “Com esse clima de indecisão política, o empresário deve rever os seus investimentos em busca de segurança, não temos ideia de como será o próximo governo e como enfrentará problemas sérios como o não cumprimento das metas fiscais e as contas públicas. Também terá de comprovar que terá governabilidade junto ao Congresso”.
Com as taxas de juros nos Estados Unidos mais altas e a instabilidade gerada pelas eleições, o dólar deve se manter valorizado. “Teremos oscilações de acordo com os resultados das pesquisas eleitorais, mas o valor continuará alto”.
Por que inflação e juros baixos não são sinais de melhora da economia?
“O Brasil depende muito de importações de produtos, essa alta impacta diretamente nos preços dos produtos e na inflação”, observa Juliana. A inflação deve ficar dentro da meta, mas o consumidor terá uma percepção de alta. Os reajustes de preços do próprio governo como energia elétrica, gás, combustíveis e o frete também contribuem para a alta dos preços.
Abaixo da expectativa
O crescimento para a economia ficou abaixo das expectativas. “Todas as revisões do PIB (Produto Interno Produto) foram para baixo”, explica Luana Miranda, do IBRE-FGV. “Até abril, a economia vinha com um crescimento tímido, mas com a greve dos caminhoneiros em maio todos os setores foram afetados e os efeitos na cadeia produtiva devem levar um tempo para serem dissipados”.
Greve dos caminhoneiros: saiba o impacto 1 mês após greve começar
Sem crescimento, não há geração de empregos. “A massa salarial também é inferior ao que era antes da crise, o que diminui o consumo e a economia não gira”, diz Juliana. Sem salário não tem como pagar dívidas. "A inadimplência deve subir nos próximos meses. A prioridade das pessoas é achar um emprego e atender suas necessidades básicas, as dívidas ficam em um segundo plano" observa Astrauskas.
E o que fazer?
Para os especialistas o momento exige cautela. “Não é um momento para fazer uma dívida alta a longo prazo. Sempre pensar bem no orçamento antes de gastar por impulso e aguardar o que vem por aí", avalia Juliana.
Conseguir manter o emprego e, na medida do possível quitar as dívidas é outra orientação. "O consumidor precisa ter claro que nenhum investimento cobre o valor dos juros cobrados pelos bancos no cheque especial ou cartão de crédito, é preciso ficar atento", diz Astrauskas.
