Entregues à própria sorte
Um caminhão desgovernado esmagou um carro em rua íngreme do bairro Santo Antônio, na região Centro-sul de BH; uma mulher morreu no acidente
Eduardo Costa|Eduardo Costa
Aconteceu de novo. Uma mulher foi esmagada dentro do próprio carro por um caminhão desgovernado em bairro da Zona Sul de Belo Horizonte.
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Primeiro: se o caminhão desceu a rua assim que o motorista deixou a cabine é sinal de que estava com problemas mecânicos... Aí, preciso lembrar o que venho denunciando há anos: nenhum veículo pesado, ônibus caminhão ou assemelhados é parado em blitz sob alegação de que não há pátio para recolhimento, em caso de irregularidade. Não ouço falar de providências, seja em ruas e avenidas das cidades ou nas rodovias. Assim, quando você tomar conhecimento de acidentes envolvendo caminhões, dê uma olhada na foto ou imagem de TV e repare o estado geral, os pneus, a manutenção do veículo. É quase sempre deprimente.
Dois: se havia uma placa proibindo tráfego de caminhões naquela Rua do Santo Antônio, como um caminhão foi até lá, às dez da manhã de uma segunda-feira? Aliás, se é proibido caminhão trafegar, como alguém contratou e a empresa disponibilizou caçamba para aquele endereço?
Resumindo: a cidade finge que fiscaliza, as pessoas fingem que obedecem e as autoridades fingem que pensam em outra coisa que não seja a eleição de outubro do ano que vem. É impressionante como estamos entregues à própria sorte no encontro com doentes mentais, usuários de drogas e outros inconvenientes nas ruas; impressionante como temos de superar lixo e buracos por todos os lados; impressionante como podemos ser esmagados em qualquer esquina, a qualquer instante e registrarem nosso prematuro óbito como acidente, no lugar de homicídio culposo, culpa de quem arrecada 40 por cento de tudo o que amealhamos de salário e não devolve os serviços públicos indispensáveis.
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