Olhar com expectativa
Livro “Subliminar” expõe uma pesquisa feita sobre comportamento dos humanos e a influência deste no desempenho de ratos, ao realizar uma tarefa
Eduardo Costa|Eduardo Costa
A amiga Cristina Paiva leu o livro “Subliminar” e fez algumas reflexões que julgo oportuno compartilhar, considerando os tempos de cólera que estamos vivendo. O autor expõe uma pesquisa feita com ratos e seres humanos, na qual o alvo da análise foi o comportamento dos humanos e a influência deste no desempenho dos ratos, ao realizar uma tarefa. Os roedores precisavam encontrar a comida dentro de um recipiente. Os humanos, divididos em dois grupos: um deveria acreditar nos ratos; o outro poderia ter atitude mais passiva. Ao final, entre aqueles que tinham a crença, os ratos se saíram melhores na busca à comida.
Resumindo: os ratos conseguiram interpretar por meio de linguagem não verbal o que os humanos esperavam deles naquele momento.
Traduzindo: o jeito com que olhamos para os outros impacta nossas relações pessoais e profissionais.
Lembrei-me de uma reunião de condomínio em que moradora reclamava de determinado porteiro que, ao vê-la chegando ao prédio carregada de compras não oferecia ajuda. Calmamente, o síndico – experiente desembargador já aposentado – quis saber se ela costumava pedir. “Claro que não, precisa?” disse a irritada condômina. E o líder, de novo com muita calma, explicou: “A senhora não pode esperar que todos os porteiros tenham a iniciativa de ajuda-la; cada um tem um jeito de reagir, portanto, convém pedir”. Parece que deu certo, pois, ela nunca mais reclamou. Em posição de superioridade, dentro dos padrões do mundo em que vivemos a moradora provavelmente inibia o porteiro de tomar a iniciativa, pelo caráter invisível com que o tratava e pelo afastamento imposto no cotidiano.
É disso que precisamos. Olhar para o outro com expectativa, buscando o que de melhor essa pessoa pode entregar. E isso vai mudar o desempenho dela. Exercite a autocrítica, evite a contaminação de ideias e principalmente desenvolva a empatia. Especialmente para os líderes, mas, para qualquer um de nós vamos tentar transmitir otimismo, paciência, amor ao próximo. O mundo está muito bélico, todo mundo briga por qualquer motivo, as mídias sociais despejam desaforos e impropérios, portanto, para o bem de nossa saúde, vamos seguir um texto da tradicional Ave Maria da Itatiaia quando sugere que a gente jogue gotas de perfume no ar... “Afinal, algumas delas inevitavelmente cairão sobre nós”.
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