Não há almoço grátis
Projeto que endurece as regras para o transporte fretado e dificulta a operação dos aplicativos de viagens de ônibus em MG aguarda reposta de Zema
Eduardo Costa|Eduardo Costa
Governar não é fácil. E, na rotina de quem dirige tomar decisões nem sempre agradáveis. O dono da caneta tem de avaliar um sem número de circunstâncias, prós e contras antes de escolher um lado. E nunca esquecer a máxima dos economistas: não há almoço grátis.
Está com o governador Romeu Zema a responsabilidade de decidir se é preciso respeitar o contrato de prestação de serviços em vigência ou não. Estou aqui para dizer que Zema vai cometer um grande equívoco se atender ao desejo da maioria, simplesmente liberando para que empresas de aplicativos, como a Buser, disputem passageiros com as outras, licitadas e obrigadas a seguir regras e regulamentos.
Que o transporte é caro, ruim e historicamente protegido por interesses menores ninguém discute. Só que, senhoras e senhores, nada se resolve à margem da lei. Estas empresas que fazem o transporte intermunicipal em Minas pagaram para entrar e fizeram investimentos. Se quiserem contestar o processo, que façam como acontece agora em Belo Horizonte que vereadores, policiais e promotores estão investigando. Do contrário, amanhã ou depois vão à Justiça e adivinha quem vai pagar a conta?
Mas, não é só a segurança jurídica, o respeito aos contratos.
Semana passada, um sobrinho viajou para o Rio de ônibus leito, pagando 39 reais. Alguém acredita que um negócio destes vai se sustentar? Ou é o canto da sereia agora e a pancada depois? Alguém se recorda de como a Uber foi festejada cinco anos atrás? E como está hoje, ou melhor, você ainda encontra carros por aplicativo facilmente?
Então, não custa lembrar: se você organiza, licita, você garante ônibus onde tem muito e onde tem pouco passageiro. Impõe regras e limites. Na livre iniciativa, simplesmente de acordo com a melhor oferta ou no liberou geral o tempo vai nos cobrar. Eu também quero por ônibus na Afonso Pena; quero saber é quem vai bater carroceria durante 11 horas para transportar quatro ou cinco mineiros de Juvenília, a 793 quilômetros de Belo Horizonte.
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