O Detran deve sair da polícia?
As nomeações de Rogério Greco para a Secretaria de Segurança e Joaquim Francisco para a chefia da PC levantaram essa questão
Eduardo Costa|Eduardo Costa
As nomeações de Rogério Greco para a Secretaria de Segurança e Joaquim Francisco para a chefia da Polícia Civil dissiparam as últimas dúvidas: o governo de Minas vai mesmo retirar o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) da estrutura policial. Para tanto, precisa alterar a Lei Orgânica da corporação na Assembleia Legislativa o que, naturalmente, permitirá amplos debates sobre prós e contras. Eu defendo a mudança, há décadas.
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Sou contra a Polícia Civil? Não. Ao contrário, quero a nossa polícia judicial fazendo seu papel, investigando, esclarecendo, com transparência para que seja ainda mais valorizada e respeitada por todos os mineiros.
Antes de trazer a opinião, consultei ouvintes e fiquei impressionado com a unanimidade das respostas, todas favoráveis à mudança. Detalhe: a maioria não comunga das minhas preocupações institucionais, mas, sim, com dois aspectos que merecem atenção: a má educação no trato com os clientes e o sentimento de que a atividade facilita a corrupção.
Antes de opinar liguei também para delegados sérios que são contra e ouvi suas exposições. Todas fazem sentido a começar exatamente pela palavra corrupção: ao preparar o projeto, deve-se colocar mecanismos de controle os mais rígidos, pois, emissão de carteiras de habilitação, transferências de veículos e outras atividades desempenhadas pelo órgão são campo fértil para os que planejam o mal. É preciso lembrar casos escandalosos de nomeações políticas indecentes e esquemas de ladroagem dentro do Detran do Rio, depois que a polícia saiu.
Além disso, mesmo fora da Policia Civil, o Detran deverá ter permanente parceria com a instituição, a fim de agilizar as investigações quando dos crimes de trânsito, cargas roubadas e muito mais. É inegável que, como funciona, o Detran facilita todas as apurações.
De minha parte, quero uma polícia forte. Por isso, 30 anos atrás já criticava a guarda de presos por delegados e investigadores. Por isso, nas últimas décadas venho pedindo concursos para dotar a polícia de recursos humanos compatíveis com sua necessidade. O efetivo de hoje é o mesmo de 30 anos atrás. É preciso formar mais policiais, qualificá-los, a fim de termos uma polícia de excelência. Alguns da velha guarda torcem o nariz, mas, estou convencido de que as centenas de delegados que chegaram no passado recente oxigenaram a corporação.
Quero continuar ouvindo que a nossa é a melhor polícia do Brasil.
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