Pátria
O país deveria estar celebrando, discutindo, relembrando a história, para fortalecer o sentimento de Nação
Eduardo Costa|Eduardo Costa
Não me conformo com a confusão que criamos entre pátria e governo. Independentemente de quem nos governa como gostaria de ver a bandeira do Brasil por todo lado, o ano todo, mas, especialmente, nas datas mais importantes.
Este ano estou ainda mais sofrido com essas reflexões patrióticas porque o 21 de abril lembra nossa Inconfidência e o próximo 7 de setembro os 200 anos de Independência. A maioria absoluta dos brasileiros sequer vai ficar sabendo do bicentenário. O país deveria estar celebrando, discutindo, relembrando a história, para fortalecer o sentimento de Nação. No caso de Minas, onde os inconfidentes fizeram a diferença, deveríamos estar realizando concursos estudantis, atos em praça pública, reuniões especiais nos parlamentos.
Como foi bonito ver a Anita brilhar nos Estados Unidos, sábado último, vestida de verde e amarelo.
Impressionante como negligenciamos nossa História.
Triste como cada um de nós quer conta-la como entende e nunca estamos dispostos a ouvir o contraditório, pensar de outro jeito, conhecer fato novo, repensar – para mudar ou reforçar nossas convicções.
Lembro-me com muitas saudades de dois mineiros espetaculares, raros. Um de direita, Celso Brant; outro de esquerda, Darcy Ribeiro. Ambos falavam com paixão e pediam um Brasil mais justo, humano, unido. Ambos defendiam os símbolos nacionais, o sentimento de amor incondicional ao Brasil acima de tudo. Quando os entrevistava, viajava no saber, na capacidade oratória e no compromisso com a Nação.
E pensar que os inconfidentes queriam proclamar uma República independente, criar uma universidade, abolir dívidas junto à Coroa Portuguesa e deixar de pagar o “quinto”... Isso mesmo, Tiradentes perdeu o pescoço porque achava muito pagar 20 por cento de imposto. Hoje, levam quase a metade do fruto de nosso trabalho e achamos barango falar em Educação, Moral e Cívica, cantar o Hino, respeitar a Bandeira.
A frase dele, Tiradentes, continua valendo: “Se todos quiséssemos, poderíamos fazer do Brasil uma grande Nação”.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.