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Luiz Fara Monteiro

Delta contraria Trump e mantém conceito de diversidade em processo de contratação

Enquanto o governo federal condena programas de Diversidade, Equidade e Inclusão, aérea maior empregadora de Atlanta diz que não abandonará suas iniciativas

Luiz Fara Monteiro|Luiz Fara MonteiroOpens in new window

Delta: companhia apoia critérios de diversidade em contratações Kentaro Iemoto / Wikimedia Commons

Na contramão da administração Trump e organizações conservadoras americanas, a Delta Air Lines, maior empregadora da cidade de Atlanta, confirma que manterá o conceito de diversidade nas contratações da companhia aérea. Nos Estados Unidos, essa iniciativa recebe a sigla ‘DEI’, que contempla aspectos em torno da Diversidade, Equidade e Inclusão para que ambientes de trabalho sejam formados por pessoas competentes para as funções, mas com a maior variedade possível de raça, idade, etnia, religião, gênero, orientação sexual e capacidade física, por exemplo.

O compromisso da Delta com o DEI acontece no momento em que Donald Trump determina o fim deste conceito no governo federal e em grandes empresas. No mês passado, um decreto do presidente americano ressaltava que as “políticas ilegais de DEI não apenas violam o texto e o espírito de nossas antigas leis federais de direitos civis, mas também minam nossa unidade nacional”. A ordem também visa impedir que grandes empresas e grandes organizações sem fins lucrativos continuem com programas de DEI. Para o republicano, as contratações devem se basear apenas na meritocracia.

Em entrevista no dia seguinte ao acidente sobre o rio Potomac, quando um voo comercial se chocou com um helicóptero militar, Trump politizou o discurso sobre a tragédia, responsabilizando os governos de Barack Obama e Joe Biden que, por meio do DEI, teriam causado uma suposta queda na qualidade dos serviços prestados pela FAA, a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos.


“A FAA vinha recrutando ativamente trabalhadores que sofrem de deficiências intelectuais graves, problemas psiquiátricos e outras condições mentais e físicas sob uma iniciativa de contratação de diversidade e inclusão descrita no site da agência”, disse Trump, observando que o programa permitia a contratação de pessoas com problemas de audição e visão, bem como paralisia, epilepsia e “nanismo”.

O vice de Trump, JD Vance, apoiou as observações do presidente ligando as práticas de contratação de DEI ao acidente. Ele disse que Trump não estava “culpando ninguém” em particular, mas que as práticas de DEI levaram à escassez de controladores de tráfego aéreo.


“O presidente deixou bem claro que não estava culpando ninguém, mas foi bem explícito sobre o fato de que as políticas de DEI levaram nossos controles de tráfego aéreo a ficarem com falta de pessoal. Isso é um escândalo. Felizmente, é um escândalo que o presidente tenha parado”, disse Vance a Maria Bartiromo, da Fox News.

Trump ordenou que funcionários de escritórios federais de diversidade, equidade, inclusão e acessibilidade sejam colocados em licença administrativa remunerada. Segundo a CNN, O DEI está na mira do novo Departamento de Eficiência Governamental de Trump, liderado pelo bilionário Elon Musk, que chamou o DEI de “apenas mais uma palavra para racismo”.


A Casa Branca argumenta que “a DEI cria e depois amplifica a hostilidade prejudicial e exacerba o conflito interpessoal”, dizia um comunicado à imprensa sobre as ordens executivas de DEI de Trump.

A Delta emprega mais de 100.000 pessoas em todo o mundo. Em Atlanta, a força de trabalho da Delta é de mais de 36.000.

“Sustentabilidade é sobre ser mais eficiente em nossas operações e, na verdade, o DEI é sobre talento e esse tem sido nosso foco”, disse Peter Carter, executivo da Delta Air Lines.

Perguntado se a companhia aérea estaria repensando suas promessas de sustentabilidade e sobre o DEI, Carter afirmou:

“O principal diferencial da Delta são as nossas pessoas”.

Em direção oposta, a American Airlines cedeu à pressões de uma entidade conservadora dirigida por aliados políticos de Trump e, seguindo exemplo de algumas grandes empresas, concordou ainda no final do ano passado em abandonar a política de contratação com base na diversidade DEI.

Entre especialistas em DEI e líderes da indústria entrevistados pela CNN, a maioria tinha uma visão compartilhada sobre o que constitui o conceito:

  • Diversidade é aceitar as diferenças que todos trazem para a mesa, sejam elas raça, idade, etnia, religião, gênero, orientação sexual, capacidade física ou outros aspectos da identidade social.
  • Equidade é tratar a todos de forma justa e oferecer oportunidades iguais.
  • Inclusão é respeitar a voz de todos e criar uma cultura na qual pessoas de todas as origens se sintam encorajadas a expressar suas ideias e perspectivas.

O DEI foi criado porque comunidades marginalizadas nem sempre tiveram oportunidades iguais de emprego ou sentiram um senso de pertencimento em ambientes corporativos de maioria branca, disse Daniel Oppong, fundador do The Courage Collective, uma consultoria que aconselha empresas sobre DEI.

“Essa é a gênese do porquê alguns desses programas existem”, ele disse. “Foi uma tentativa de tentar criar locais de trabalho onde mais ou todas as pessoas possam prosperar.”

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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