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Moto, Segurança e Trânsito - Blogs

Brasileira finaliza o desafio Iron Butt com uma Ducati 

Virginia Barbosa, motociclista mineira enfrentou sozinha mais de 1.600 km em 24 horas e torna-se a primeira mulher no mundo a finalizar o desafio Iron Butt com moto Ducati 

Moto Segurança e Trânsito|André Garcia, do R7


Virgínia e sua Ducati Monster
Virgínia e sua Ducati Monster

A mineira Virginia Barbosa tornou-se a primeira mulher motociclista, em todo o mundo, a cumprir o desafio Iron Butt realizando o percurso em linha reta e com moto naked Ducati. A prova de resistência e determinação teve mais de 1.600 km percorridos em apenas 24 horas.

“Parti às 3 horas da madrugada de Belo Horizonte e comecei a aventura com o coração a mil por hora. As estradas de Minas Gerais tem muitas curvas e deu para sentir que a moto responde muito bem nas tomadas de curva e na aceleração final. Em Uberaba, as estradas estavam sensacionais para acelerar e com isso testei bastante o poder da minha Monster, que me surpreende cada vez mais”, explica.

Sem GPS mas focada em cumprir o desafio

No trajeto, já entrando no Mato Grosso do Sul, logo depois de atravessar a ponte sobre o rio Paraná, Virgínia passou direto numa lombada e com o solavanco o GPS soltou da USB e ela não percebeu. Sem a conexão, a bateria do GPS foi baixando e cerca de 100 km depois apagou. “Eu fiquei sem sinal de dados no celular e acabou que na rotatória, ao invés de pegar para Campo Grande, segui direto por mais 100 km. O tempo estava um pouco nublado e quando o sol saiu percebi que o meu destino deveria estar na minha frente e não atrás de mim”, conta relembrando o perrengue. “Consegui ligar pro meu marido e com a localização do meu GPS de segurança ele traçou o caminho para eu chegar na minha rota original e peguei o rumo certo para Campo Grande”.


Perrengues não faltam em aventuras como o narrado por Virgínia, o mais importante é superá-los
Perrengues não faltam em aventuras como o narrado por Virgínia, o mais importante é superá-los

De volta ao caminho correto Virginia agora precisava abastecer, afinal tinha rodado muitos quilômetros extras. “No planejamento da rota havia um posto de gasolina entre as cidades de Inocência e Águas claras, mas esse posto foi desativado. Decidi seguir viagem. Grande erro. Faltando 10 km para chegar em Inocência deu pane seca na moto”, conta.

Mantive a tranquilidade e achei um reboque para me resgatar”, destaca a piloto.


Mas tudo acabou bem e ao finalizar o desafio Virginia descreve a emoção. “Consegui fazer os 1600 km e nesse momento minha emoção foi a mil. Eu gritava dentro do capacete, buzinava e piscava farol igual uma louca. Isso tudo no meio do nada. Tomada pela emoção, ao passar por uma operação policial, eu não vi o agente fazendo sinal de parada e continuei meu caminho, acelerando para chegar logo no posto e tirar foto da nota de abastecimento final, com meu hodômetro marcando mais de 1600 km”, diz.

De repente vi uma luz ofuscante atrás de mim e o barulho de sirene e o giroflex da viatura da Polícia Rodoviária Federal ligado. Encostei a moto e ouvi um: mão na cabeça! Nessa hora bateu o desespero: o que eu fiz? Os policiais pediram para eu descer da moto e verificaram minha documentação. Estava tudo em ordem e eles quiseram saber o que eu estava fazendo sozinha, na madrugada, no meio do nada, andando de moto”, relembra o susto.


Falei sobre o desafio e acabei fazendo mais dois amigos”, finaliza.

“E hoje eu digo: não ando de moto, eu piloto uma Ducati”
“E hoje eu digo: não ando de moto, eu piloto uma Ducati”

Quem é a piloto brasileira

Virgínia Barbosa – “Tenho 37 anos, sou engenheira de software e apaixonada por motos,”descreve a motociclista que entrou no mundo de duas rodas somente após superar o trauma da perda do seu meu melhor amigo num acidente de motocicleta há 18 anos. Isto a fez adiar o sonho de pilotar até 2018.

Mesmo com dois joelhos de titanium, resultado de algumas quedas, Virginia manteve o sonho deter uma Ducati. “A coragem e a determinação de dominar um novo mundo foram meu principal combustível para superar várias barreiras durante todo esse processo. O primeiro deles foi a falta de experiência e o medo, que foi compensado em resiliência.

Aí começam as aventuras, os passeios de moto, o início de novas amizades e o no fim é a conquista da liberdade, que você só entende quando está pilotando uma Ducati.

Eu tenho algumas peculiaridades que me fazem ter orgulho de mim mesma a cada dia mais. Superei cirurgias nos dois joelhos, tenho reconhecimento e respeito no meu trabalho - uma área dominada por homens - e convivo diariamente com o diabetes”, conta.

E hoje eu digo: não ando de moto, eu piloto uma Ducati”, afirma Virginia.

IRON BUTT

A Iron Butt Association (IBA) é uma organização baseada nos EUA dedicada a viagens de longa duração de motocicletas. A associação conta com mais de 60.000 membros em todo o mundo, que se auto denominam como os "mais tenazes motociclistas do mundo."

O primeiro desafio surgiu em 1984 e de lá pra cá ocorre a cada dois anos.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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