Logo R7.com
Logo do PlayPlus

Prêmio inspirado no Nobel reconhecerá estudos sobre emergências climáticas

Neste ano, serão homenageados cientistas brasileiros que desenvolvem pesquisas relacionadas à gestão do risco climático na produção de alimentos e à conservação de recursos naturais

Mundo Agro|Fabi GennariniOpens in new window

Cláudia Buzzette Calais, diretora-executiva da Fundação Bunge Foto cedida : Fundação Bunge

A próxima edição do Prêmio Fundação Bunge, que completa 70 anos em 2025, vai premiar cientistas com atuação focada na emergência climática, a partir de dois temas: “Gestão do risco climático na produção de alimentos” e “Saberes e práticas dos povos tradicionais e sua importância para a conservação dos recursos naturais”.

As indicações poderão ser feitas até 30 de maio. A cerimônia de entrega do Prêmio Fundação Bunge será realizada em setembro, na capital paulista.

Inspirado no Nobel, o Prêmio Fundação Bunge busca incentivar a inovação e a disseminação do conhecimento, reconhecer profissionais que contribuem para o desenvolvimento das ciências no Brasil, além de estimular novos talentos.

Entidades científicas e universidades poderão indicar pesquisadores dentro das duas temáticas, nas categorias “Vida e Obra” — dedicada a homenagear estudiosos que já se tornaram referências em suas áreas de atuação — e “Juventude”, que reconhece pesquisadores com até 35 anos de idade, como forma de estimular jovens profissionais a trilharem o caminho da pesquisa.


No total, serão quatro laureados, dois por categoria. Os premiados em “Vida e Obra” receberão uma premiação em dinheiro no valor bruto de R$ 200 mil. Já os dois agraciados na categoria “Juventude” receberão R$ 80 mil cada.

Mais de 200 personalidades brasileiras já receberam o Prêmio Fundação Bunge. Entre elas estão Erico Veríssimo, Hilda Hilst, Jorge Amado, além de Elisabete Aparecida de Nadai Fernandes e Durval Dourado Neto.


Quer saber mais sobre esse prêmio incrível? Confira abaixo o bate-papo com Cláudia Buzzette Calais, diretora-executiva da Fundação Bunge.

Ah! Se quiser mais informações sobre a edição deste ano, é só acessar o site:


fundacaobunge.org.br

Mundo Agro: A Fundação completa neste ano 70 anos, que coincidem com o ano da COP 30 e com muitos acontecimentos envolvendo problemas decorrentes das mudanças climáticas. Como foi feita a escolha do tema deste ano? O que contribuiu para a proposta desse foco?

Cláudia Buzzette Calais: Ao celebrarmos sete décadas de apoio à ciência no Brasil, o conselho da Fundação, responsável pela seleção dos temas de todas as edições, escolheu direcionar a atenção do Prêmio à emergência climática, premiando pesquisadores brasileiros que desenvolvem pesquisas científicas relacionadas à gestão do risco climático na produção de alimentos e aos saberes e práticas dos povos tradicionais e sua importância para a conservação dos recursos naturais. Esses temas refletem nossa convicção de que a ciência e o conhecimento ancestral são fundamentais para a garantia de uma existência sustentável. Ao premiarmos pessoas que se dedicam a estudar e desenvolver pesquisas nessas áreas, fortalecemos o desenvolvimento de novas tecnologias e práticas, ao mesmo tempo, em que valorizamos a sabedoria de comunidades que vivem em harmonia com a natureza.

Mundo Agro: Os participantes devem desenvolver pesquisas em dois temas: “Gestão do risco climático na produção de alimentos” e “Saberes e práticas dos povos tradicionais e sua importância para a conservação dos recursos naturais”. Para a Fundação, o risco climático afetará a produção de alimentos? Precisamos agir agora? Ainda hoje, é necessário reforçar a importância da conservação dos recursos naturais? A nova geração está disposta a fazer isso? São necessárias mais campanhas educativas? Todo mundo sabe de onde vem a alface, mas poucos sabem o tempo de cultivo e as adversidades que podem surgir, como muita chuva ou muito sol.

Cláudia Buzzette Calais: As mudanças climáticas já afetam a produção de alimentos no Brasil e no mundo. A temperatura do planeta já está 1,5 °C acima da média pré-industrial. Essa marca, que tentávamos evitar há décadas sob o risco de provocarmos mudanças catastróficas no clima global, tornou-se realidade. Qualquer projeção de futuro precisa levar em conta que os eventos climáticos extremos serão parte desse “novo normal”. Nos últimos anos, temos acompanhado eventos severos, cada vez com uma frequência maior e num espaço de tempo menor entre eles, como secas rigorosas, seguidas de enchentes, como as que aconteceram no Rio Grande do Sul. Estamos vivendo isso, inclusive, com a alta de preços de produtos básicos por conta de questões ligadas ao clima, o que intensifica a insegurança alimentar e nutricional. A ciência fez do Brasil uma potência no setor do agro e ela é fundamental para a gestão dos riscos climáticos. Ao mesmo tempo, vemos uma importância muito grande em reconhecer os saberes ancestrais dos povos tradicionais na conservação dos recursos naturais, sem os quais não teremos as condições necessárias para a produção de alimentos. A emergência climática é um grande desafio da atualidade. É um problema complexo, que precisa do envolvimento de governos, empresas, sociedade civil e da academia.

Mundo Agro: Você acredita que os acontecimentos de 2024, e os atuais, são um alerta da natureza para o mundo?

Cláudia Buzzette Calais: Na verdade, os cientistas já vêm nos alertando sobre os riscos climáticos do aquecimento global há décadas. O que eles estão chamando a atenção agora é que os eventos climáticos previstos se anteciparam. Levantamento realizado pela Rede Mundial de Atribuição (WWA, na sigla em inglês) e pelo coletivo Climate Central mostrou que as mudanças climáticas adicionaram 41 dias de calor extremo e perigoso para a saúde humana ao planeta em 2024, por exemplo. No Brasil, tivemos a seca histórica na Amazônia, as queimadas no Pantanal e as enchentes no Rio Grande do Sul, que foram causadas ou agravadas pelas mudanças climáticas. É por isso que devemos agir rapidamente para enfrentar esse problema e proteger a população, já que as mudanças climáticas não afetam apenas a produção de alimentos, mas também a saúde, a educação, habitação, segurança e trabalho.

Mundo Agro: O Brasil conta com inúmeros profissionais com expertise no assunto, incluindo jovens pesquisadores. Qual a sua expectativa para este prêmio?

Cláudia Buzzette Calais: Temos a expectativa de dar holofote para o trabalho desses cientistas. O Brasil conta com excelentes pesquisadores, universidades e centros de pesquisa, com trabalhos extremamente relevantes em diversas áreas, especialmente nas Ciências Agrárias e Aplicadas, foco do Prêmio Fundação Bunge. Nosso objetivo com esse prêmio é reconhecer os cientistas do país, tanto por Vida e Obra, como incentivar os jovens pesquisadores, na categoria Juventude. Acreditamos que é fundamental reconhecer a ciência brasileira, que precisa ser cada vez mais valorizada. É a partir dela que conseguiremos avançar rumo a uma cultura mais sustentável.

Mundo Agro: Como funcionará a avaliação? Mais de 200 personalidades brasileiras já receberam o Prêmio Fundação Bunge. Você poderia citar três dessas personalidades mais importantes e referências para você?

Cláudia Buzzette Calais: O prêmio é coordenado pela Fundação Bunge, mas tem como premissa o reconhecimento entre pares. As indicações são feitas por universidades e membros das principais entidades científicas do país. Posteriormente, essas indicações serão analisadas por comissões técnicas compostas por especialistas em cada um dos temas de premiação. Ao longo desses 70 anos, tivemos diversas personalidades homenageadas, que fazem parte da nossa cultura e história. Entre os premiados mais recentes, estão Mariangela Hungria, Adalberto Luis Val, Elisabete Aparecida de Nadai Fernandes e Durval Dourado Neto.

Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.