Do Campo à Cerveja: sustentabilidade e inovação na Heineken
De catadores de recicláveis a inovações no setor cervejeiro, descubra como a empresa está transformando sua cadeia de produção com sustentabilidade e compromisso com o futuro

Sempre fui curiosa e quero sempre saber como as coisas são feitas. Ainda bem que nasci vendo de perto de onde vem o leite e todos os demais alimentos.
A cerveja é algo que ainda não tive a oportunidade de ver todo o processo de produção. Mesmo passando quase todos os finais de semana ao lado de uma das unidades da Heineken em Itu, no interior de São Paulo. Dependendo do final de semana, um cheiro diferente no ar: cevada, malte, etc. E vejo aqueles caminhões prontos, esperando para sair e levar uma das bebidas preferidas de todos os brasileiros.
Quando eu digo que o agro está em tudo… é exatamente isso.
Sua bebida preferida começa com uma matéria-prima, passa por todo um processo até chegar ao supermercado, mas quase ninguém pensa nesse processo todo.
Tive a oportunidade de conversar com duas mulheres incríveis, que contribuem para que toda essa cadeia funcione e leve a cervejinha gelada até sua mesa.
Ah, esqueci de mencionar: a sustentabilidade está presente em todas as cadeias, alimentos e processos. E é muito bom poder falar sobre isso e mostrar para vocês.
Vem ler essa conversa bacana com Jussara Calife, diretora de Trade Marketing, e Lígia Camargo, diretora de Sustentabilidade do Grupo HEINEKEN.

Mundo Agro: Quais são as novidades para o APAS Show deste ano?
Jussara Calife: No APAS Show 2025, o Grupo HEINEKEN chega com um dos portfólios mais amplos do mercado e leva ao evento mais de 20 marcas, entre cervejas, bebidas RTD (Ready to Drink), bebidas não alcoólicas e águas. O objetivo deste ano é valorizar cada produto de forma individual, sem perder uma narrativa unificada que conecta inovação, experiência e sustentabilidade.
Estamos entusiasmados em apresentar uma série de lançamentos que refletem nosso compromisso com a expansão do portfólio e a atenção às novas demandas do consumidor. Entre as novidades, estão o FYS Zero, refrigerante sem açúcar que contribui para uma rotina mais equilibrada; o Mamba Protein, bebida proteica voltada para um estilo de vida ativo; a Sol Zero, cerveja sem álcool enriquecida com vitaminas; e a Praya Lager, nova opção refrescante da linha Praya.
Entre os destaques para a atuação na feira, também estão as ativações como “Mamba Water – Água é Energia”, que une interatividade e propósito ambiental, e experiências sensoriais com as marcas Sol e Praya.
O estande contará com vitrines virtuais, sampling com sommelier, sinalização ambiental e uma curadoria visual que cria “mini universos” para cada linha de produto. A participação da HEINEKEN se encerra com a palestra “Ativações de Marcas no PDV”, ministrada por Jussara Calife, Diretora de Trade Marketing Canal ON + OFF da companhia, no dia 15 de maio.
Mundo Agro: Qual é a projeção de negócios para o evento?
Jussara Calife: A projeção de negócios para o APAS Show 2025 é bastante positiva. A participação no evento, especialmente com os lançamentos, representa uma oportunidade estratégica para o Grupo HEINEKEN fortalecer parcerias com o varejo, impulsionar vendas e ampliar a visibilidade da marca. A expectativa é que as inovações apresentadas atraiam a atenção dos visitantes, gerem impacto direto na percepção do público e contribuam para o crescimento da empresa. A presença na feira também permitirá coletar feedback valioso de consumidores e parceiros, fortalecendo ainda mais nosso posicionamento como líderes em inovação, qualidade e compromisso com o desenvolvimento do varejo brasileiro.
Mundo Agro: Como está o mercado até agora e o que esperar até o final de 2025?
Jussara Calife: O mercado brasileiro segue em ritmo de crescimento e consolidação, impulsionado pela alta aceitação dos consumidores e pelo desempenho consistente das principais marcas. Observamos uma demanda crescente por produtos que combinam qualidade, inovação e propósito, o que tem favorecido categorias como cervejas premium, bebidas sem álcool e funcionais. Heineken® 0.0, por exemplo, continua crescendo em dois dígitos, refletindo uma mudança clara no perfil de consumo.
Até o final de 2025, a expectativa é de continuidade desse cenário positivo, com consumidores cada vez mais abertos à experimentação, à busca por experiências diferenciadas e atentos a aspectos como saudabilidade e sustentabilidade. Esse movimento abre oportunidades para marcas que conseguem aliar relevância cultural, propósito e inovação em suas propostas de valor.
Mundo Agro: A empresa tem uma meta de ser netzero em na cadeia valor até 2040. Vocês foram a primeira grande cervejaria a anunciar tal compromisso, alinhado ao SBTI (Science Based Targets initiative) - Iniciativa de Metas Baseadas na Ciência-. Poderia falar um pouco sobre essas iniciativas, o desempenho nas unidades e qual delas é a “menina dos olhos”? Seria o Glass is Good, o bate e volta...?
Ligia Camargo: Nós temos a agenda de sustentabilidade no centro da nossa estratégia de negócio, transversal a todas as áreas da companhia. Em 2021, revisamos nossa estratégia de Sustentabilidade, a Brew a Better World, e definimos três pilares principais: ambiental, social e responsabilidade. Em 2022, criamos a vice-presidência de Sustentabilidade & Assuntos Corporativos para colocar a pauta nas discussões da alta liderança e acelerar iniciativas que visam reduzir os nossos impactos. No mesmo ano, inauguramos o Instituto HEINEKEN, primeiro braço social da companhia no mundo.
Tendo todos esses marcos na nossa jornada de sustentabilidade, nos últimos anos, desenvolvemos projetos de reflorestamento, recuperação hídrica, fomento da energia renovável, ações de consumo consciente e o apoio de diferentes públicos de extrema importância para a nossa cadeia de valor: catadores de recicláveis, vendedores ambulantes e jovens das favelas e periferia.
Para avançar ainda mais no fomento da sustentabilidade, em 2024, o Grupo lançou HEINEKEN Spin, seu ecossistema de negócios de impacto, que olha para quatro pilares principais: circularidade de embalagens, energia renovável, marcas de impacto e restauro florestal. Tudo isso colabora com uma das nossas principais premissas de negócios: não queremos crescer a qualquer custo, mas, sim, com responsabilidade, cuidado e respeito não só com consumidores, mas com pontos de venda, parceiros, fornecedores e sociedade.
Mundo Agro: Ser sustentável é investir. É possível estimar, em percentual, quanto a companhia destina a esse segmento?
Ligia Camargo: Não divulgamos o percentual de investimentos, mas um ponto que posso destacar é que a Sustentabilidade é um valor transversal em todas as áreas da companhia. Nosso compromisso é crescer com responsabilidade ambiental e social — não a qualquer custo.
Nesse contexto, realizamos investimentos significativos em Sustentabilidade no último ano. Um dos principais marcos foi o lançamento do HEINEKEN Spin, nosso ecossistema de negócios de impacto, que recebeu um aporte inicial de R$ 150 milhões e tem como objetivo manter o equilíbrio financeiro justamente para retroalimentar a aceleração da agenda ESG rumo aos nossos compromissos globais e locais.
Mundo Agro: O ESG está super presente em quase todas as empresas brasileiras. Falando um pouco sobre o lado social, temos o Instituto. Poderia comentar sobre a geração de empregos para catadores, ambulantes, jovens etc.?
Ligia Camargo: O Instituto HEINEKEN tem como propósito gerar impacto social ao promover condições mais dignas de trabalho para catadores, catadoras e vendedores ambulantes, públicos muitas vezes invisibilizados pela sociedade, mas que desempenham papéis essenciais na nossa cadeia de valor. Por meio de programas como o Conexão Cidadã, oferecemos suporte social contínuo, orientação sobre acesso a direitos e políticas públicas, criando caminhos para autonomia e reconhecimento desses profissionais. Já no apoio aos ambulantes, iniciativas como o “Esse Verão É Meu” buscam fortalecer a independência financeira e a valorização da categoria, promovendo conhecimento técnico em gestão, educação financeira e melhoria das condições de trabalho — sempre respeitando o contexto de cada território e estimulando o protagonismo dessas pessoas.
No caso dos jovens, nosso objetivo é nutrir o potencial criativo e oferecer suporte para que eles desenvolvam uma base emocional sólida, essencial para enfrentar os desafios da vida adulta com mais autonomia e consciência. Acreditamos que o impacto social verdadeiro começa quando os jovens se reconhecem como protagonistas das próprias trajetórias. Por isso, programas como o WeLab não apenas desenvolvem habilidades socioemocionais, mas também criam espaços seguros para reflexões profundas sobre identidade, escolhas e propósito — incluindo a ressignificação da relação com o álcool. O que buscamos é ajudar cada jovem a desbloquear seus talentos, resgatar sua autoestima e visualizar novas possibilidades de vida e carreira, com liberdade, responsabilidade e visão de futuro.
Em 2025, o Instituto HEINEKEN celebrou três anos de atuação com mais de 25 mil pessoas impactadas diretamente em todo o Brasil. Essas são apenas algumas das iniciativas que refletem o nosso compromisso em construir um legado de inclusão social e desenvolvimento sustentável nos territórios onde estamos presentes.
Mundo Agro: De alguma maneira, as mudanças climáticas impactaram os fornecedores de matéria-prima? Se sim, como foi possível contornar esses desafios?
Ligia Camargo: As mudanças climáticas impõem desafios significativos a todos os setores, inclusive à indústria cervejeira. Na HEINEKEN, entendemos que a inovação e as parcerias ao longo da cadeia de valor são fundamentais para construir um futuro mais sustentável.
Por meio da nossa estratégia Brew a Better World 2030, assumimos o compromisso de ser net zero em toda a cadeia de valor até 2040 e nos escopos 1 e 2 até 2030. Para isso, temos um programa chamado Brewing The Future, que desenvolve iniciativas concretas com fornecedores de embalagens e matéria-prima justamente para estimular a adoção de práticas mais resilientes.
Mundo Agro: A cerveja leva água — qual é a origem dessa água (se for possível divulgar) e o que ela tem de especial? E quanto à cevada, de qual região ela é adquirida?
Ligia Camargo: Todas as cervejarias estão baseadas em áreas que nos permite uma boa infraestrutura logística e operacional, o que inclui o acesso à água de qualidade. De forma geral, os recursos hídricos são essenciais para a produção e são foco das nossas ações de Sustentabilidade. A gestão eficiente dos recursos hídricos na indústria cervejeira não só protege as bacias hidrográficas, mas também fortalece a resiliência dos negócios diante dos desafios emergentes.
Um ponto de destaque é que, desde 2022, a companhia já reduziu em mais de 18% o volume de água utilizado em suas operações no Brasil. Esse avanço foi possível por meio de investimentos em tecnologia, eficiência produtiva e inovação nos processos de reaproveitamento hídrico. Além da economia de recursos, os resultados também impactam positivamente os indicadores operacionais e ambientais da companhia.
Quanto à cevada, nós possuímos diversos fornecedores, por isso, não é possível afirmar um único local. O que posso afirmar é que todos cumprem a nossa premissa de qualidade.
Mundo Agro: Eu me lembro de quando a cerveja chegou ao mercado brasileiro — eu só a conhecia de fora. Aos poucos, ela conquistou os consumidores e hoje muitos a chamam de “verdinha” ou “kriptonita”. A que se deve esse sucesso entre os brasileiros? Confesso: ela tem um sabor sem igual.
Jussara Calife: O sucesso da Heineken no Brasil é resultado de uma combinação clara: consistência, autenticidade e um compromisso inegociável com qualidade desde o primeiro momento.
Ao chegar ao país, sabíamos que entraríamos em um mercado consolidado, com marcas fortes e códigos bem estabelecidos. Mas optamos por trilhar um caminho próprio — apresentando ao consumidor brasileiro, de maneira bastante resiliente, a experiência do puro malte, com um padrão inegociável de excelência. Acreditamos na força de uma marca que entrega o que promete — com transparência nos ingredientes, rigor no processo e respeito pela experiência de consumo.
Alguns brasileiros tiveram a oportunidade de ter o primeiro contato com a marca Heineken fora do país. Mas aqui a marca criou raízes — encontrou um público aberto à novidade, curioso, exigente e pronto para algo, até então, diferente. A “verdinha”, como passou a ser chamada com carinho, tornou-se símbolo de escolha consciente, identidade e conexão verdadeira.
Hoje, pouco mais de uma década depois, o Brasil se tornou o maior mercado consumidor da marca no mundo. Um feito que não se conquista apenas com distribuição — mas com uma relação construída no tempo, baseada em confiança, qualidade e sintonia com o gosto do consumidor brasileiro.
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