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O que é que eu faço Sophia

Taxa de juros subiu, posso guardar todo meu dinheiro na poupança?

A taxa de juros baixa levou investidores para a renda variável, como a Bolsa; será a hora de voltar a portos mais tranquilos?

O que é que eu faço Sophia|Sophia Camargo, do R7 e Sophia Camargo

Rendimento da poupança fica em 2,45% com a Selic a 3,5% ao ano
Rendimento da poupança fica em 2,45% com a Selic a 3,5% ao ano

Com as aplicações de renda fixa perdendo da inflação, muitos investidores conservadores resolveram partir para investimentos mais arriscados como a Bolsa, fundos de investimentos multimercado ou imobiliários, ainda que com muito receio de perder dinheiro.

Mas agora que o Copom, o Comitê de Política Monetária, aumentou pela segunda vez seguida a taxa de de juros básica da economia, a Selic, que foi de 2,75% para 3,5% ao ano, já é possível aos investidores voltarem para os seus conhecidos portos tranquilos da renda fixa, como a poupança ou o velho fundo DI?

A resposta é não, dizem as especialistas ouvidas por esta coluna: Leticia Camargo, planejadora financeira e embaixadora da Planejar para o Rio de Janeiro; Sandra Blanco, estrategista-chefe da Órama Investimentos e Thayná Vieira, economista da Toro Investimentos.

O aumento de 0,75 ponto percentual na Selic ainda não é suficiente para fazer com que o rendimento da poupança ou de aplicações como Tesouro Selic, por exemplo, superem a inflação.


Em março, o IPCA teve a maior alta para o mês desde 2015, fazendo com que a inflação acumulada em 12 meses ficasse em 6,1% em um ano, apontou o IBGE. Ou seja, investir só na poupança vai continuar fazendo o poupador perder dinheiro.

Quem investe deve ficar de olho na inflação

E alcançar a inflação é o que todo investidor deveria ter em mente na hora de investir, ensina a planejadora financeira Leticia Camargo. "É preciso perseguir uma rentabilidade que supere ou pelo menos iguale a inflação para preservar seu poder de compra".


Explicando melhor isso: deixamos de gastar dinheiro agora com a promessa de que, no futuro, possamos comprar mais coisas com ele. Se ao aplicar em um investimento ele não nos protege da inflação, vamos comprar, no futuro, menos coisas com aquele dinheiro do que compraríamos hoje.

Porém ao aumentar a taxa de juros e indicar que pretende continuar fazendo isso nas próximas reuniões, o governo acaba incentivando as pessoas a guardarem dinheiro e não gastar, já que as taxas de juros para empréstimos devem ficar mais caras também.


Como ter uma boa carteira de investimentos?

Outro motivo pelo qual os investidores não devem deixar tudo em um único tipo de aplicação financeira é aquela velha história de não colocar todos os ovos em uma cesta só. Uma boa carteira de investimentos deve ser diversificada, para que o investidor se proteja de diversos riscos.

Desse modo, o ideal é continuar diversificando os investimentos, colocando um pouco de dinheiro em cada tipo de ativo, já que cada um deles atende a objetivos diferentes.

Por exemplo, o dinheiro da reserva de emergência, deve obrigatoriamente ficar depositado em uma aplicação do tipo porto seguro, como o Tesouro Selic, um fundo DI com baixa taxa de administração ou até mesmo a poupança, já que o objetivo aqui não é ser bem remunerado, mas ter o dinheiro guardado à mão em caso de um imprevisto e precisar sacar rapidamente.

Confira a opinião das especialistas para cada investimento:

Poupança

Com a Selic a 3,50% ao ano, o rendimento da poupança fica em 2,45% ao ano, bem abaixo da inflação estimada em 5% no final de 2021. Deixar o dinheiro nela por um longo período significa comprar menos coisas no futuro do que compraria agora.

Essa observação só vale para os depósitos na poupança nova. Quem tem dinheiro na poupança antiga continua recebendo 6,17% ao ano, muito superior ao rendimento da renda fixa atual.

Títulos do Tesouro Direto

Tesouro Selic: Principal indicação das especialistas para colocar o dinheiro da reserva de emergência (aquele dinheiro que você deve deixar guardado em um porto seguro para o caso de acontecer um imprevisto e você precisar sacar rapidamente). Com a tendência de alta da taxa, os títulos pós-fixados, como Tesouro Selic, ficam mais atraentes.

Tesouro prefixado: quando as taxas de juros estão em alta, investir em títulos prefixados (ou sejam, que já se conhece o valor que irá receber pelo investimento no fim do prazo contratado) não é o movimento mais indicado. Porém a economista Sandra Blanco diz que os títulos do tesouro prefixado mais curtos, com vencimento para 2024 estão com rentabilidades interessante ainda, na casa de 8%.

Tesouro IPCA+: esse tipo de título paga a inflação do período mais uma taxa de juros prefixada. É indicado para quem quer investir para um período mais longo, como para a aposentadoria, mas deve casar o investimento com o prazo do papel, pois se tirar o dinheiro antes corre o risco de perder dinheiro, pois o preço do título é reajustado dia a dia num processo conhecido como marcação a mercado.

CDBs

Os CDBs de bancos grandes pagam menos, os CDBs de bancos menores costumam oferecer taxas mais atraentes, porém embutem riscos de crédito (que é o risco de o credor quebrar e não pagar o investidor). É possível investir nestes títulos desde que limite o investimento ao ressarcimento do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que cobre até R$ 250 mil por CPF. "Meu conselho é limitar o investimento a R$ 200 mil, pois o seguro cobre até 250 mil incluíndo os juros", diz Letícia Camargo.

"Com a alta das taxas, é hora de exposição à renda fixa pós-fixada. "Semana passada havia um CDB de liquidez diária pagando 102% do CDI, esta semana ele já está pagando 99% do CDI e deve cair ainda mais", diz Sandra Blanco.

Ou seja, é bom ficar de olho nas oportunidades que ainda estão pagando boas taxas já que a tendência é que paguem menos porcentagem do CDI à medida que a taxa de juros subir mais.

Ações

Para Thayná Vieira, a renda variável deve permanecer como um importante investimento para aqueles que buscam melhores rentabilidades. "O principal fator dessa visão é que, apesar das altas previstas para a taxa básica de juros ao longo do ano de 2021, ainda vemos uma pressão inflacionária considerável, que tende a gerar juro real negativo ou próximo de zero."

Como a alta de 0,75 ponto percentual na Selic já era esperada, a economista acredita que o mercado não irá apresentar grandes oscilações em função desse aumento. "Além disso, existem alguns setores que se beneficiam desse movimento de aumento na taxa de juros, como bancos e seguradoras. Já segmentos relacionados ao consumo e aqueles que dependem de crédito tendem a ser afetados negativamente pelo incremento na taxa", diz a especialista.

Fundos imobiliários

"Para essa classe de investimentos, o aumento contínuo da taxa Selic pode ser prejudicial, já que a sua rentabilidade passa a ser comparada com o retorno dos ativos livres de risco. Entretanto, é importante que o investidor diversifique seus ativos, não focando apenas em uma única classe de investimentos, diz a economista da Toro Investimentos.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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