Exclusivo: Gil Rugai enfrenta nova guerra nos tribunais
Mesmo em liberdade e obrigado a trabalhar, bancos não permitem que ele tenha contas bancárias
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Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Gil Rugai está há exatamente um ano fora da cadeia. Ele cumpre o restante da pena — de mais de 30 anos de prisão — em regime aberto. Ao todo, ficou 11 anos, 9 meses e 8 dias atrás das grades. Condenado por matar o pai e a madrasta em 2004, hoje vive com a família em São Paulo, usa tornozeleira eletrônica, tem residência fixa e não sai de casa aos fins de semana. Faz faculdade de Arquitetura e trabalha.
Para que Gil tivesse direito à progressão de pena para o regime aberto, a justiça foi clara: ele precisava arrumar um emprego no prazo de 90 dias após ser solto. Gil cumpriu a determinação à risca e arrumou um trabalho fixo com renda comprovada. Mas ele não consegue utilizar o sistema bancário para movimentar seu dinheiro, seja em contas correntes ou em aplicações em bancos de investimento. Uma pena que parece perpétua, exatamente no momento em que a lei espera a ressocialização de condenados.

Quatro bancos decidiram encerrar as contas de Gil de forma unilateral. Ele não recebeu nenhuma justificativa específica, apenas comunicados genéricos por e-mail: “Seguindo critérios internos, iniciamos o processo de encerramento da conta-corrente de sua titularidade.”
A coluna apurou que ele tinha saldo positivo em todas as contas e nunca foi inadimplente ou devedor dos bancos. De um deles, chegou a receber mensagens de agradecimento pelo pagamento sempre antecipado das faturas dos cartões, um mês antes de ter sua conta encerrada.
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Uma das contas a que a coluna teve acesso estava aberta desde 2021. Mesmo preso, Gil trabalhava no presídio. Ele conta que, assim que o primeiro banco decidiu encerrar o contrato, os outros seguiram o mesmo caminho, sem qualquer alegação. Foi um efeito cascata.
Gil entrou na justiça contra os quatro bancos para recuperar o acesso às contas encerradas, mas perdeu as ações. A defesa de Gil alega que “o fechamento das contas foi abusivo e que dificilmente uma pessoa consegue se reintegrar à sociedade e viabilizar sua vida pessoal e social sem o uso de uma conta bancária.”
Por outro lado, um dos bancos alegou no processo que a “conta foi bloqueada pelo setor de compliance da instituição, devido a dois alerta de risco fornecidos por outras instituições financeiras, em razão de duas ações criminais existentes contra o autor.”
Uma dessas ações é exatamente o assassinato do pai e da madrasta, crime que Gil nega. A outra, seria uma condenação por falsificação de cheques.
O juiz aceitou as alegações sem se atentar que Gil Rugai nunca foi condenado nem processado por falsificação de cheques. A sentença de um Juiz de direito foi baseada em um processo que, na verdade, nunca existiu.
Questionamos os juízes envolvidos nos processos. Em nota, o Tribunal de Justiça informou que os juízes têm independência para decidir de acordo com os documentos dos autos e seu livre convencimento e que não se manifestariam sobre o caso.
Gil Rugai sustenta que carrega até hoje o peso de um crime midiático e de uma condenação injusta. A polícia alega que ele matou o pai e a madrasta após ser descoberto desviando dinheiro da empresa da família, falsificando assinaturas do pai em cheques.
No entanto, a defesa de Gil conseguiu provar que o próprio pai pedia para ele assinar os cheques em seu nome, para realizar pagamentos regulares da empresa, incluindo o próprio salário do pai. Gil cuidava do departamento financeiro da empresa.
Hoje, o programa Doc Investigação, da RECORD, vai contar todos os detalhes e contradições desse duplo homicídio. Poucos casos criminais geraram tanta discussão no Brasil. Até hoje, a condenação de Gil Rugai divide opiniões.
Pela primeira vez em 20 anos, Gil aceitou gravar uma entrevista em que detalha a sua prisão, fala sobre a noite do crime, questiona a investigação e fala sobre sua relação com o pai e a madrasta, assassinados em março de 2004.
O Doc Investigação vai ao ar às 22h45.
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