'A gente segue esperançosa de que vai descobrir quem mandou matar Marielle', diz Anielle Franco
A PF prendeu um terceiro suspeito nesta segunda, após a delação premiada de um dos acusados de participação no assassinato
Rio de Janeiro|Do R7
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, elogiou o trabalho realizado pela Polícia Federal nesta segunda-feira (24) e disse que a família da ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, assassinada em 2018, mantém a esperança de que vai descobrir quem mandou matá-la.
"A gente segue esperançosa de que vai descobrir e vai chegar aos mandantes de quem mandou matar Marielle e por quê", afirmou Anielle, irmã de Marielle. "Que bom que hoje a gente tem um governo sério, tem pessoas à frente de pastas importantes, em quem a gente pode confiar e contar."
Ela disse que a notícia da prisão do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, no âmbito da primeira etapa ostensiva da investigação da corporação sobre os assassinatos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, no dia 14 de março de 2018, deixou-a "abalada" e "mexida". "A gente tem que sempre revisitar a memória daquele dia 14?", questionou.
Para Anielle, a operação da PF realizada nesta segunda-feira indica haver uma crença maior em descobrir quem mandou matar Marielle.
"A gente espera, sim, que, de verdade, a partir de agora a gente tenha frutos e colha frutos do mandante e dos motivos de quem mandou matar", afirmou. "Eu sigo dizendo que, enquanto a gente não combater a violência política neste país, enquanto a gente não souber quem mandou matar Marielle, a nossa democracia segue fragilizada."
Anielle está na Colômbia, onde vai firmar um acordo com a vice-presidente do país, Francia Márquez, e assinar um memorando de entendimento entre as duas nações com foco na promoção da igualdade racial e no desenvolvimento social e econômico.
A assinatura do memorando será realizada na terça-feira 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
Delação de Élcio Queiroz indica um suposto contratante do assassinato
Ainda nesta segunda-feira, o ex-policial militar Élcio Queiroz assinou um acordo de delação premiada e deu o nome de um suposto responsável por contratar o também ex-PM Ronnie Lessa para matar Marielle. É o que diz o relato dele, ao qual o Estadão teve acesso.
No depoimento, Queiroz confirmou sua participação no assassinato de Marielle, e o suposto contratante do crime teria sido o então policial militar Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, assassinado em novembro de 2021.
Segundo a delação, Lessa, Macalé e Suel estavam empenhados na vigilância e no monitoramento de Marielle desde os últimos meses de 2017.