Sargento morto em 2021 seria elo entre executores e mandantes do assassinato de Marielle, diz delator
Élcio Queiroz disse que Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, trouxe o 'trabalho' para Ronnie Lessa, preso pelo crime
Brasília|Bruna Lima e Gabriela Coelho, do R7, em Brasília
O ex-policial militar do Rio de Janeiro Élcio Queiroz afirmou em delação premiada que o sargento da PM Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, morto a tiros em 2021, foi o elo entre os mandantes e os executores do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018.
Macalé foi executado na avenida Santa Cruz, em Bangu, na zona oeste do Rio, por criminosos, que efetuaram disparos de um veículo e fugiram após o crime. "Edimilson Macalé esteve presente em todas [as campanas]. Inclusive foi através do Edimilson que trouxe... vamos dizer, esse trabalho pra eles. Essa missão pra eles foi através do Macalé, que chegou até o Ronnie", diz a delação de Queiroz, que está preso preventivamente.
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No depoimento à Polícia Federal, Queiroz revelou que o sargento da Polícia Militar reformado Ronnie Lessa, também preso preventivamente sob suspeita de envolvimento no crime, confidenciou vários acontecimentos que precederam a execução de Marielle e Anderson.
Lessa é apontado por Queiroz como o responsável por ter atirado contra o carro da vereadora enquanto o delator conduzia o veículo. Já Macalé não estava com eles no dia assassinato, mas teria participado de todo o planejamento.
Desdobramentos da delação
A delação também foi responsável pela prisão do ex-bombeiro militar Maxwell Simões, conhecido como Suel. Ele teria feito campanas para vigiar a vereadora e dirigido o carro em uma tentativa prévia de ataque, um mês antes.
Queiroz contou que Suel teria relatado um problema mecânico a Lessa para não emparelhar o veículo ao táxi em que Marielle estava na ocasião. "O Ronnie desabafou comigo dizendo que não acreditava que teve problema, que foi medo, refugou", disse.
Suel foi preso preventivamente nesta segunda-feira (24) na operação Élpis, a primeira fase da investigação da Polícia Federal para apurar o homicídio de Marielle e Anderson. Também foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão.
"Estamos próximos de esclarecer todos os aspectos relativos a esse bárbaro crime. Porque não há crime perfeito. Todas as pessoas que progressivamente forem sendo reveladas, com provas da participação nesse crime, serão entregues ao Poder Judiciário", declarou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, sobre a ação policial.
Dino disse ainda que as provas mostram uma "forte vinculação" dos homicídios com a atuação das milícias e do crime organizado. "Ronnie [Lessa, ex-PM], Élcio [Queiroz, ex-PM] e Maxwell [Simões, ex-bombeiro militar] participam de um conjunto. Esse conjunto está relacionado a essas organizações criminosas e milicianas que atuam no Rio de Janeiro", disse.