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Caso Amarildo: Ministério Público denuncia major e mais 3 PMs por suborno de testemunhas

Edson Santos e mais 3 PMs subornaram testemunhas a acusarem traficante Catatau

Rio de Janeiro|Do R7, Com Rede Record

Testemunhas foram compradas para acusarem traficante Catatal
Testemunhas foram compradas para acusarem traficante Catatal

O MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) informou, na manhã desta quinta-feira (11), que denunciou por corrupção ativa de testemunhas quatro policiais militares envolvidos na tortura e assassinato do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, na Rocinha, zona sul do Rio, em julho de 2013. Entre os denunciados estão o major Edson Santos, ex-comandante da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da comunidade, um tenente e dois soldados. 

Segundo a denúncia, o major Edson Santos e o tenente Luiz Felipe de Medeiros, na época comandante e subcomandante da UPP, respectivamente, além dos soldados Newland de Oliveira e Silva Júnior e Bruno Medeiros Athanasio tentaram atrapalhar as investigações do crime, oferecendo dinheiro a duas testemunhas para que elas responsabilizassem pela morte do ajudante de pedreiro o traficante Thiago da Silva Neris, conhecido como Catatau. 

De acordo com o MP, os PMs pagaram R$ 850,00 e R$ 500,00 a duas testemunhas, para que, em depoimento, elas acusassem o traficante Thiago da Silva Neris, conhecido como “Catatau”, pela morte do ajudante de pedreiro. Newland e Bruno atuaram como interlocutores do major Edson, vigiando as testemunhas e utilizando seus carros particulares para mudá-las de residência. Uma das testemunhas recebeu fraldas descartáveis como propina.

Se condenados, os quatro PMs poderão cumprir até 16 anos de prisão no novo processo. Os dois responderão em liberdade. O major Edson Santos e o tenente Luiz Felipe de Medeiros já estão presos.


Ao todo, 25 PMs foram denunciados (oito deles na modalidade omissiva), 17 por ocultação de cadáver, 13 por formação de quadrilha e, agora, quatro por fraude processual.

De acordo com o MP, o ajudante de pedreiro foi torturado por cerca de 40 minutos. Além de receber choques elétricos, Amarildo teria sido afogado em um balde e sufocado com saco plástico na boca e na cabeça.


Novo laudo

Um novo laudo pericial de exame de voz, produzido pelo CCRIM (Centro de Criminalística) da Polícia Militar, concluiu que a voz que se fez passar pelo traficante “Catatau” assumindo a autoria da morte de Amarildo é do policial militar Marlon Campos Reis, réu no processo criminal do caso Amarildo. O novo laudo reforça as provas apresentadas até o momento pelo MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro). O resultado coincide com o parecer técnico realizado anteriormente pela CSI (Coordenadoria de Segurança e Inteligência) do MPRJ. Na ligação, Marlon faz supostas ameaças e diz que já “botou o Boi (apelido de Amarildo) na sua conta”.


Marlon sabia que sua ligação estava sendo monitorada, por ordem judicial, porque efetuou ligação para um celular de outro policial que sabia estar grampeado na chamada Operação Paz Armada. Mas a versão inicial de que a voz seria do traficante foi logo descartada por um laudo da Polícia Civil.

Em seguida, nova análise feita pela DEDIT (Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia) da CSI/MPRJ, comparando a voz dos 34 PMs citados no processo, descobriu que o soldado Marlon foi o autor da ligação, acompanhado do soldado Vital. Com o telefone monitorado, eles foram a Higienópolis fazer a ligação. A interceptação dos celulares particulares dos dois também identificou que eles estavam na mesma estação de rádio base da ligação.

ICCE

O recente laudo do ICCE aponta importantes convergências com a análise anterior da DEDIT, como quando Marlon pronuncia a palavra “nove”, apontando total identificação na comparação de vozes. A perícia diz também que, na análise comparativa, “foram observadas nestas características vocais alguns elementos de convergência entre as amostras de voz do locutor questionado e a voz suspeita” e ainda que “a análise da fala questionada indicava a possibilidade de disfarce da voz do falante”.

Segundo o laudo do ICCE, “os exames periciais foram realizados através de comparações perceptuais fundamentais nas características linguísticas e sociolinguísticas, bem como de outros elementos informativos obtidos a partir dos áudios questionados e a relação destes com o réu. Foram avaliadas também as características acústicas dependentes do locutor obtidas da voz do suspeito e da voz questionada”. 

Assista ao vídeo: 

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