Crivella é preso em operação da polícia e do Ministério Público
Além do prefeito, um delegado e um empresário também foram detidos em um desdobramento da Operação Hades, que apura suposto acerto de propina
Rio de Janeiro|Do R7, com Record TV
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), foi preso na manhã desta terça-feira (22) no Rio de Janeiro em uma operação da Polícia Civil e do Gaocrim/MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro). Crivella foi detido em casa, no bairro Península, na Barra da Tijuca, e levado para a Cidade da Polícia, no Jacaré.
Ao todo, nessa operação, estão sendo cumpridos 7 mandados de prisão. Seis pessoas já foram presas e três chegaram à Cidade da Polícia, no Jacaré. Os alvos são: Marcelo Crivella, Eduardo Lopes, Rafael Alves, Fernando Morais, Mauro Macedo, Cristiano Stokler e Adenor Gonçalves.
As prisões fazem parte da Operação Hades, que apura supostos pagamentos de propina dentro da Prefeitura do Rio de Janeiro, considerada pela investigação um "QG da Propina". Em nota, o MP-RJ disse que não poderá passar informações porque a investigação corre em segredo de justiça (leia ao final da reportagem).
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Crivella, que está a 9 dias do fim do mandato, nega todas as acusações, disse que foi o prefeito que mais combateu a corrupção, cobrou justiça e afirmou ser vítima de uma perseguição política. Ele começou a depor por volta de 7h30.
Os presos seriam todos levados para a delegacia fazendária, na Cidade da Polícia, no Jacaré. Porém, Fernando Morais apresenta sintomas de covid-19 e foi conduzido para outra delegacia, a Polinter.
Todos os detidos passarão por exames no IML (Instituto Médico Legal) antes de ingressarem no sistema prisional. Eles também serão submetidos a uma audiência de custódia, às 15h, no TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) e um desembargador vai analisar as provas para a prisão preventiva de cada preso.
Ainda não há informação se essa audiência de custódia vai acontecer antes ou depois do exame no IML.
O ex-senador Eduardo Lopes (Republicanos) também é procurado pela polícia, mas não foi encontrado no endereço residencial. Lopes herdou a vaga no Senado de Crivella e foi secretário estadual de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento do governo de Wilson Witzel.
Investigação
As investigações indicam que empresas que tinham interesse em fechar contratos ou tinham dinheiro para receber do município entregariam cheques para o empresário, irmão de Marcelo Alves, então presidente da Riotur.
Em troca, Rafael facilitaria a assinatura dos contratos e o pagamento das dívidas.
Uma das buscas acontece no Porto do Frade, em Angra dos Reis, no sul fluminense, para apreender uma lancha do empresário.
Transição de governo
Com a prisão de Crivella, quem assume o governo da capital fluminense é o presidente da Câmara de Vereadores, Jorge Felippe. Isso porque o vice-prefeito do Rio de Janeiro, Fernando Mac Dowell, morreu aos 72 anos de idade em maio de 2018.
O prefeito eleito do Rio de Janeiro para a gestão 2021-2024, Eduardo Paes (DEM), usou uma rede social hoje de manhã para afirmar que vai manter "o trabalho de transição que já vinha sendo tocado" com o presidente da Câmara, Jorge Felipe, que deverá assumir a administração municipal.
"Conversei nessa manhã com o presidente da câmara de vereadores Jorge Felipe para que mobilizasse os dirigentes municipais para continuar conduzindo suas obrigações e atendendo a população. Da mesma forma, manteremos o trabalho de transição que já vinha sendo tocado", disse.
Em seguida, pediu um esforço extra dos servidores da saúde para ajudar a tratar e combater a covid-19. "Peço especialmente aos servidores da nossa rede de saúde: Passamos por uma pandemia - além das dificuldades já conhecidas - e a população precisa do nosso esforço. Contamos todos com a força e dedicação de vocês!", afirmou.
Nota oficial do MP-RJ
"O Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça (GAOCRIM/MPRJ) confirma que realizou operação na manhã desta terça-feira, em conjunto com a polícia civil, para cumprir mandados de prisão contra integrantes de um esquema ilegal que atuava na Prefeitura do Rio. Em razão do sigilo decretado pela Justiça, não podem ser fornecidas outras informações."