RJ: Análise identifica geosmina na água fornecida pela Cedae
Segundo a companhia, índices são "muito baixos". Resultado foi divulgado após reclamações sobre alterações na água
Rio de Janeiro|Mariene Lino, do R7*
A Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro) afirmou nesta quinta-feira (28) que foram identificados traços de geosmina/MIB (Metil-Isoborneol) - mesma substância que provocou uma crise de abastecimento no primeiro trimestre do ano passado - em amostras de água analisadas em laboratório no Rio de Janeiro após novas reclamações sobre alterações no gosto e no cheiro do líquido desde a última semana.
Segundo a companhia, os níveis das substâncias encontradas foram "muito baixos" e estão nos parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde.
O levantamento mais recente realizado pela Cedae mostra que, entre os dias 4 e 25 de janeiro deste ano, foram analisadas 114 amostras em diferentes pontos da capital e da Baixada Fluminense. Nenhuma delas apresentou intensidade superior a 6, número máximo estabelecido pelo Ministério da Saúde para cheiro e odor de água potável.
A Cedae chegou a interromper o abastecimento de água por 10 horas para realizar uma manobra e conter o avanço de algas na ETA (Estação de Tratamento de Água) do Guandu. O serviço foi retomado no último dia 22.
No entanto, muitos consumidores ainda relatam que sentem alterações na água que sai da torneira. O estudante de Publicidade Gabriel Nascimento, morador da Taquara, na zona oeste do Rio, contou que a água está com gosto, cheiro e coloração alterados há pelo menos uma semana. Ele disse que sente o cheiro forte até mesmo no banho.
"Eu percebi tudo: sabor, cheiro e cor. Mas o que mais fica evidente é o cheiro, principalmente na hora do banho, e sinto o gosto na hora de escovar os dentes", disse Gabriel.
O jovem também disse que os vizinhos estão com o mesmo problema, além de uma amiga que mora na Barra da Tijuca, também na zona oeste.
Já a estudante Julia Moraes, moradora de Anchieta, na zona norte da cidade, afirmou que a água está com alterações no sabor e no odor há dois dias. Por isso, a jovem está comprando água mineral para consumo dela, da mãe e dos seis animais de estimação da casa.
"Estamos comprando galão de água para beber. De resto, estamos usando a da bica. Para fazer comida, a gente ferve antes", relatou ela.
Julia lembrou que, na crise de abastecimento ocorrida no primeiro trimestre de 2020, ela e a mãe tiveram problemas de saúde ao beberem a água do filtro, assim como outros consumidores de diversos pontos da região metropolitana do Estado.
"Eu fiquei muito enjoada, minha mãe também e com muita dor de barriga", disse Julia.
Uma análise feita pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) feita em junho do ano passado constatou que a substância que causou as alterações no líquido na então crise foi o 2-MIB (Metil-Isoborneol), que é similar à geosmina e cresce em maior quantidade em função da presença de esgoto.
Em nota, a Cedae reforçou que utiliza carvão ativado e argila ionicamente modificada na entrada da estação para conter a proliferação de algas. A companhia afirmou ainda que "solicitou aos laboratórios a redução do prazo no envio dos resultados de concentração de geosmina/Mib e gosto e odor, o que confere mais agilidade na operação de controle de qualidade".
*Estagiária do R7, sob supervisão de Bruna Oliveira