Última investigação do MP-RJ sobre operação no Jacarezinho leva à denúncia de mais dois policiais civis
Amaury Godoy Mafra e Alexandre Moura de Souza foram acusados pelo homicídio de dois suspeitos na ação, que deixou 28 mortos
Rio de Janeiro|Victor Tozo, do R7*
O último dos 13 inquéritos abertos pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) para investigar a operação que deixou 28 mortos na comunidade do Jacarezinho, que completa um ano nesta sexta-feira (6), foi encerrado com a denúncia de mais dois policiais civis envolvidos na ação, que se tornou a mais letal da história do estado.
Amaury Godoy Mafra e Alexandre Moura de Souza foram acusados pelo homicídio doloso (quando há intenção de matar) de Richard Gabriel da Silva Ferreira e de Isaac Pinheiro de Oliveira, em 6 de maio de 2021.
Os agentes também foram denunciados por fraude processual por terem forjado o cenário do crime. De acordo com as investigações, os dois alegaram falsamente em sede policial que duas pistolas e uma granada haviam sido apreendidas com os suspeitos.
Além disso, a denúncia do MP informou que Amaury e Alexandre foram alertados de que não havia reféns na casa onde Richard e Isaac estavam abrigados. Os suspeitos, que já haviam sido baleados durante a troca de tiros, foram encurralados e atingidos por vários disparos, de acordo com o documento. O laudo pericial feito no local atestou ausência de vestígios de conflito.
O MP pediu ao 2º Tribunal do Júri da Capital o afastamento dos policiais de funções públicas, no que diz respeito à participação em operações policiais.
Encerramento da Força-Tarefa do MP
As denúncias marcam o encerramento das atividades da Força-Tarefa do MP, criada para apurar as mortes ocorridas no Jacarezinho durante a operação. Dos 13 inquéritos, dez foram arquivados e três geraram denúncias.
Os agentes Douglas de Lucena Siqueira e Anderson Silva Pereira foram acusados, no ano passado, de fraude processual por alterarem a cena da morte de Omar Pereira da Silva. Douglas também foi apontado pelo homicídio do suspeito, que ocorreu em um quarto infantil de uma residência da comunidade.
Em abril, dois traficantes, conhecidos como Chico Bento e Fred, foram denunciados à Justiça pela morte do policial civil André Leonardo de Mello durante a operação. Eles também respondem pela tentativa de homicídio de outro agente baleado na localidade. A dupla está foragida.
O procurador André Luis Cardoso, coordenador da força-tarefa, explicou que os inquéritos arquivados se deram por motivos diversos. Segundo ele, em muitos locais onde corpos foram achados, não havia testemunhas.
Cardoso ressaltou que os processos podem ser reabertos, caso surjam novas denúncias ou haja novas informações sobre as circunstâncias das mortes no futuro.
A Polícia Civil informou que os agentes denunciados foram afastados das funções.
*Estagiário do R7, sob supervisão de Bruna Oliveira