Alckmin vai questionar secretário sobre registro de atropelamento na USP como homicídio culposo
Para governador, motorista que dirige embriagado assume o risco de matar
São Paulo|Fernando Mellis, do R7

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse nesta segunda-feira (18) que vai questionar o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, sobre o registro do boletim de ocorrência sobre o atropelamento na USP (Universidade de São Paulo) como culposo e não doloso (quando existe intenção de matar). O analista de sistemas Álvaro Teno, de 67 anos, morreu no acidente.
— Vou falar com o doutor [Fernando] Grella, que é um grande jurista. Homicídio culposo, você tem por negligência, imprudência ou imperícia. Mas a pessoa que dirige embriagada, ela está correndo o risco. Então, há sim essa hipótese do dolo eventual. Vou conversar com o secretário.
Por volta das 9h do último sábado (16), o pedreiro Luiz Antonio Conceição Machado invadiu a faixa da direita da pista, onde ficam os corredores, e atropelou o grupo dentro do campus da USP (Universidade de São Paulo), no Butantã, na zona oeste.
A biomédica Anelive Torres, de 35 anos, descreveu o momento em que ela e mais quatro corredores foram atropelados.
— Não deu tempo nem de piscar. Só vimos um carro em alta velocidade acertando o seu Álvaro e vindo na nossa direção. Foi horrível.
A Justiça de São Paulo negou o pedido do MP-SP (Ministério Pùblico de São Paulo) de converter o indiciamento do pedreiro homicídio culposo (quando não há intenção de matar) para doloso (quando há intenção ou assume o risco) e da prisão em flagrante para prisão preventiva. De acordo com o promotor Fernando Henrique de Moraes Araújo, que atua no caso, a decisão foi tomada no domingo (17).
— O juiz seguiu a mesma linha do delegado, de homicídio culposo, e concedeu liberdade provisória a Machado sujeita ao pagamento de fiança de R$ 55 mil.
Para a promotoria, o motorista que atropelou os cinco corredores no câmpus da USP no último sábado (16) assumiu o risco de matar ao dirigir embriagado. "Assim agindo, em princípio, o indiciado revelou conduzir o veículo com dolo eventual, assumindo o risco de matar aqueles corredores que praticam seu esporte dentro da Cidade Universitária", diz em seu pedido a promotora de Justiça Juliana Amélia Gasparetto de Toledo Silva.
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