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Após desabamento, prefeitura pode antecipar obras em Paraisópolis

Administração municipal paga R$ 400 por mês a 1.500 famílias para que deixem moradias de risco sobre o córrego Antonico

São Paulo|Fabíola Perez, do R7

Desabamento de sobrado deixa um morto e quatro feridos em Paraisópolis (SP)
Desabamento de sobrado deixa um morto e quatro feridos em Paraisópolis (SP)

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse, neste domingo (17), que a administração municipal pode antecipar as obras no córrego Antonico, onde o desabamento de um sobrado deixou uma pessoa morta e quatro feridas na noite do sábado (16). Nunes, que esteve no local na noite de ontem e na manhã deste domingo (17), afirmou que assistentes sociais vão tentar fazer o convencimento dos moradores para que deixem o local. 

Segundo o prefeito, as oito famílias atingidas pelo desabamento da casa na comunidade serão atendidas de forma imediata. "Elas serão atendidas de forma especial pela Secretaria de Assistência Social e pelo secretário de Assistência Social, nem que seja para a colocação em hotel. Isso é imediato, e já está sendo feito. No caso das outras famílias que a gente precisa remover por conta da obra de reurbanização, porque estão sobre o córrego, vamos fazer o fornecimento de moradia ou a carta de crédito", disse o prefeito durante coletiva de imprensa. 

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Nunes afirmou que as obras sobre o córrego Antonico começaram em abril, têm 1,5 quilômetro de extensão e custam R$ 100 milhões à prefeitura. "Precisamos fazer a remoção das famílias que vivem sobre o córrego e o processo de reurbanização. Nessa fase em que ocorreu o acidente, a quatro da obra, na parte baixa, precisamos que as famílias saiam das residências para fazermos a reurbanização", disse o prefeito. 

Segundo o prefeito, a administração municipal enfrenta resistência à continuidade das obras. Nunes explicou que, para negociar a saída das famílias, a prefeitura oferece a elas o "aluguel social", um valor de R$ 400 por mês, para que deixem suas casas e morem em locais escolhidos pela prefeitura. 


"Para elas saírem, a prefeitura faz um convencimento e paga um aluguel de R$ 400, para as pessoas poderem ajudar no pagamento de algum valor e a gente poder fornecer moradia a essas pessoas. Elas entram na fila para a prefeitura fornecer a moradia. O que a gente pede é uma compreensão, para que as famílias saiam do local. O risco é muito grande e muito alto. A prefeitura está aberta ao diálogo", disse Nunes em conversa com líderes locais. 

De acordo com o prefeito, 23 mil famílias recebem o valor da administração social. Segundo ele, isso corresponde a R$ 130 milhões por ano. A partir do momento em que as famílias aceitam receber o pagamento, a prefeitura faz a demolição dos imóveis considerados em situação de risco. "Eles estão aqui fazendo uma solicitação que melhore esse valor."


Segundo a prefeitura, existem atualmente 1.500 famílias sobre o córrego Antonico. "Elas passam a receber o aluguel social, a prefeitura vem, faz o cadastramento e começa a remunerar a família. Temos projeto, tem recurso, só falta a questão da remoção." De acordo com Nunes, a cidade tem hoje 750 locais considerados áreas de risco. 

Nunes informou que, entre os anos de 2017 e 2020, foram entregues 25 mil unidades habitacionais. "As oito famílias atingidas não entram nesse processo de aluguel social porque estão desabrigadas. Em relação às outras famílias sobre o córrego, é possível que a gente faça o fornecimento de moradia ou carta de crédito."


'Tragédia anunciada'

O desabamento que ocorreu na comunidade de Paraisópolis, na esquina das ruas Tajubaquara e Herbert Spencer, na zona sul, por volta das 17h57, e que deixou quatro pessoas feridas e uma morta, era uma tragédia anunciada. Segundo o líder comunitário Gilson Rodrigues, existem 3 mil famílias vivendo sobre o córrego Antonico.

"A obra do córrego estava prevista no programa de urbanização de Paraisópolis. Uma obra paralisada, que encerrou os sonhos dos moradores de poder ter acesso a moradia digna e viver em condições melhores", afirmou.

"Durante o período de chuva, infelizmente, é muito comum as ruas serem transformadas em rios por causa das enchentes. Esse problema já foi apontado diversas vezes e sinalizado à prefeitura e ao governo do estado. Inclusive durante o massacre dos nove jovens, mortos no baile da 17, foi colocado como prioridade. A obra não aconteceu. O desabamento que ocorreu hoje é apenas a ponta do iceberg de uma tragédia muito maior, que poderá acontecer se algo não for feito imediatamente."

Desabamento

Durante o desabamento, duas vítimas foram socorridas por moradores, antes da chegada do Corpo de Bombeiros. Segundo o major Palumbo, informações preliminares apontavam para duas crianças. Outras duas vítimas, dois homens, estavam sob os escombros, conversando com as equipes e conscientes.

Às 19h20, o primeiro homem, de 48 anos, foi resgatado e socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) com fratura no membro inferior. O segundo homem, de 49 anos, foi removido dos escombros pelos bombeiros por volta das 20h, com escoriações, e socorrido no Pronto-Socorro do Campo Limpo.

Durante as buscas, uma quinta vítima foi encontrada, sem vida. Trata-se de um homem de 55 anos. A ocorrência teve início após um sobrado de três andares, com casas conjugadas, desabar.

Quatorze viaturas do Corpo de Bombeiros atuaram no endereço, somando cerca de 54 profissionais, além de um cão de salvamento. Os bombeiros pediram auxílio à Enel, que encaminhou uma equipe ao endereço para desativar a energia elétrica até o término dos trabalhos.

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